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MUSIC BOX: Cremildo Alexandre...das vendas de metalurgia à empresa de automóveis (Cremilcar)

16/04/2019 às 00:00
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CREMILDO ALEXANDRE

Hoje com 68 anos, Cremildo Alexandre seguiu, na aldeia do Penhascoso, concelho de Mação, um rumo diferente daquele que o pai pretendia. A ideia do progenitor era que o irmão fizesse o curso de engenharia e ele, Cremildo, o mais velho seguisse o negócio da família: ceiras e capachos e fruta.  Mas o jovem tinha outras ambições e teve, diz agora, a noção de que aquelas actividades não teriam futuro por isso rumou a Lisboa, não tendo uma juventude fácil.

Apesar de sempre pensar na área comercial não foi por aí que entrou na vida profissional. Entrou muito jovem, aos 18 anos, na Metalúrgica Luso-Italiana, em Cabo Ruivo, até aos 46 anos. Foi nesta empresa que começou como vendedor e conheceu António Saraiva, presidente da CIP, que lhe propôs passar a comissionista. Foi o único a aceitar o desafio e, ao fim de um ano, os outros quatro vendedores perceberam bem o erro que tinham cometido em não acompanhar o Cremildo.

O negócio dos automóveis surge com um trabalho do irmão, António Alexandre, que trazia automóveis de Santiago do Cacém para o Penhascoso e nasceu daí a entrada no ramo. Eram três sócios, o Cremildo Alexandre, o António Alexandre, irmão, e o cunhado deste José Manuel Ferreira. Os três acumulavam os automóveis com os seus trabalhos. Mas, como há sempre um mas, as coisas evoluíram e tanto o António como o Cremildo seguiram vias separadas nos automóveis, já José Manuel continuou com o seu emprego nos correios.

“Quando comecei a dedicar-me, a 100 por cento, aos automóveis tive de aprender muito. Todos dias aprendemos e continuamos a aprender. Não sei tudo o que gostava, porque a evolução é constante e galopante”, afirmou Cremildo Alexandre, no Music Box deste fim de semana.

O empresário confessa que o filho “lhe deu a volta” para começar nas provas de automobilismo e foi-lhe dando apoio. “Gosto de lhe dar apoio, de estar por perto. Não tem nada a ver estar dentro de um carro em competição ou num automóvel normal.”

Hoje, no negócio dos automóveis o cliente é diferente. Cremildo diz que a procura é para carros novos ou semi-novos, com dois ou três anos. “Hoje o cliente vai à procura e sabe aquilo que quer, marca, modelo. Tudo.”

O problema do mercado hoje é a concorrência desleal: “Eu tenho tudo legal, casa aberta, impostos a pagar. E ao lado tenho a venda de qualquer pessoa que vende na internet, particular ou não particular. O cliente compra sem saber o que compra. E há quem compra importados sem os pagamentos de impostos portugueses. Isto é desleal.”

Afirma-se desencantado com os políticos por processos que demorou a perceber. Foi comprando propriedades onde não podia construir e teve muitas dores de cabeça. Até que percebeu uma coisa simples, antes de comprar saber as viabilidades do que estava a comprar. Nunca teve, por isso, intenções de poder entrar neste outro mundo e é taxativo, “a política é para os políticos, o meu dom é outro. Estou cá para ajudar os políticos noutras áreas.”

“O empresário que não pensa o futuro não é empresário, é apenas o dono de uma empresa”, é esta a frase “mágica” do empresário que actualmente está a passar o negócio dos automóveis ao filho, Tiago Alexandre, e avança para outros patamares, na construção civil. Não esconde que adquiriu um empreendimento em S. Martinho do Porto que está a construir. Cremildo assume que vai ter de passar mais tempo no Oeste, mas sem perder de vista Abrantes e o seu negócio dos automóveis.

Jerónimo Belo Jorge