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Luís Damas

Luís Damas não perspetiva um verão fácil pois “há muito material para arder” (C/ ÁUDIO)

10/06/2021 às 12:48
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Com a limpeza dos terrenos florestais a verem o prazo prorrogado para 15 de maio, ficou claro para os proprietários que, ainda assim, não seria possível cumprir.

Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal explicou que pediram prorrogação do prazo até dia 15 de junho, “porque foi um ano anormal, choveu até muito tarde e houve pessoas a fazer a limpeza a que estavam obrigadas e já tiveram que a refazer uma, duas e três vezes”. Ora, “esta situação é incomportável para muitas pessoas que não têm rendimentos para fazer essa atividade”.

Luís Damas avança que “o nosso clima vai do oito ao 80. Agora vem calor muito rapidamente e as ervas já estão secas”.

O presidente da Associação de Agricultores reconhece que “já estamos a ter alguns problemas com trabalhos efetuados à hora do calor. Temos que alertar para as pessoas só fazerem estes trabalhos pela manhã porque podem provocar incêndios. Já tivemos um caso em Bemposta, com uma máquina que estava a cortar feno”.

No entanto, “as pessoas já interiorizaram o que têm que fazer e já se vêm muitos terrenos limpos. Também as Câmaras, as Juntas e as entidades ligadas ao setor cada vez estão a fazer mais”.

Um dos maiores riscos de incêndio tem a ver com os “materiais finos”, as ervas, e “este ano, mesmo dentro das matas, estamos a ver muito material combustível que pode ser um problema pois alimenta os grandes incêndios”.

Luís Damas não perspetiva um verão fácil pois “há muito material para arder e os incêndios progridem porque há material. E isso é a única coisa, neste momento, que conseguimos alterar. Temos que o eliminar”.

As equipas de sapadores estão a trabalhar a tempo inteiro mas o presidente da Associação de Agricultores reconhece que “há muitas solicitações que ainda não foram satisfeitas” apesar de se comprometer que a situação será resolvida “brevemente”. Um dos problemas na região é mesmo a falta de mão-de-obra, a existência de meios, ou seja, as máquinas, “nesta altura está tudo ocupado” e há situações em que as pessoas até querem fazer a limpeza mas não conseguem.

Muita coisa já foi feita “mas mudar a floresta não se faz em um ano, nem em dois nem em três. Demora gerações”.

Quantos aos meios de combate a incêndios, Luís Damas, que também é presidente da Federação Nacional das Associações de Proprietários Florestais (FNAPF), reforçou a exigência de que também “haja mais meios de prevenção”.

“Os meios de combate são essenciais mas em grandes incêndios o combate direto deixa de ser eficiente (…) e nota-se que já se começa a pensar o fogo noutra dinâmica. Já se pensa em estratégia e há alguma sabedoria, sem ser o andar a correr aos gritos atrás do fogo”. Para Luís Damas “o distrito de Santarém está bem servido” nesse aspeto e “sempre foi uma referência”.

Luís Damas, presidente da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Mação e Sardoal 

T: Patrícia Seixas