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Sociedade

Festas Constância: “Depois de celebrarem o Filho, celebravam a Mãe” - Padre Nuno

12/04/2019 às 00:00
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Entramos na Igreja Matriz de Constância e, de imediato, somos absorvidos pela beleza que nos transporta a um momento de introspeção. Ali, tudo é belo, tudo é paz. Recebe-nos o padre Nuno, que está na Paróquia de Constância há seis anos. Natural de Bemposta, no concelho vizinho de Abrantes, tem 38 anos e conta que “ordenei-me em 2011, estive em Castelo Branco até 2013, em setembro desse ano vim para Rio de Moinhos, Constância e Montalvo e, há dois anos e meio, deixei Rio de Moinhos e fiquei com Santa Margarida da Coutada”. É o padre do concelho de Constância, “onde tenho também as irmãs e outros trabalhos na diocese”.

A Festa de Nossa Senhora da Boa Viagem “é o momento alto do concelho de Constância. É uma festa bicentenária, é relevante para o desenvolvimento da vila, outrora Punhete, hoje Constância. É o momento mais alto das festividades do concelho e é por isso que há 20 ou 30 anos, apareceram as Festas do Concelho”.

Recuando ainda um pouco mais no tempo, o padre Nuno explica que “esta Festa sempre esteve em ligação com a celebração da Páscoa. Os marítimos, quando se reuniam em Constância, vinham no sentido de preparar o coração. Chegavam a meio da Semana Santa, confessavam-se, celebravam o período Pascal e, na segunda-feira de Páscoa, celebravam a grande festa em honra de Nossa Senhora da Boa Viagem. A primeira parte era de preparação e depois de celebrarem o Filho, celebravam a Mãe. Mais ainda havia a terça-feira de praia onde os filhos de Constância passavam uma bandeira azul, que era um gesto muito simbólico, a um outro marítimo quer seria o responsável pela organização da Festa no ano seguinte”. Sinais que se foram perdendo ao longo dos tempos mas que o padre Nuno lamenta por “não saber onde está a bandeira azul”.

Na segunda-feira de Nossa Senhora da Boa Viagem, Constância recebe milhares de visitantes. E nem todos vêm apenas pela Festa, há quem esteja por devoção. Para o padre Nuno, o facto explica-se pela “busca interior e pela forma de celebrar esta Mulher, esta Maria, que sempre marcou muito os homens e as mulheres dos rios, do Tejo e do Zêzere”. “E como marcou tanto esses homens e essas mulheres, ainda hoje há uma devoção muito grande porque ainda acreditam que Ela tem esta presença fundamental na sua vida de fé, porque é Ela que leva para Jesus”.

Para o padre Nuno, nesse dia, “há muitos que vêm pela festa em si, claro, mas é muito bonito celebrar nesta Igreja cheia de gente, gente que vem de muitos lugares, não só do concelho mas de muitos sítios do país, que fazem questão de vir participar nesta Celebração da Eucaristia, na descida da Procissão e na Bênção, que é sempre um momento muito intenso”.

Num mundo em ritmo acelerado como o que vivemos e que parece distanciar-se cada vez mais dos valores da religião, o padre Nuno tem conseguido, em Constância, manter a sua Congregação unida e trazer jovens para a Igreja. “Hoje, todos nós temos uma busca muito grande de Deus. É claro que as propostas do mundo, às vezes não nos permitem centrar a atenção porque há sempre muitas coisas a acontecer e os filhos também são muito ativos. A verdade é que, em Constância, há um fenómeno muito interessante. A comunidade é pequenina, porque Constância tem pouca gente, mas as celebrações comunitárias têm muita presença. A celebração ao domingo é a uma hora boa, ao meio-dia, as pessoas vêm à Missa e ficam para passear. E gostam da nossa Celebração. Há muitos casais novos e muitos meninos que também vêm à Missa”.

Mas a interação do padre Nuno também é algo fundamental. Conta-nos que “é bom aproximarmo-nos deles e ver que eles respondem à nossa aproximação”.

Portanto, o padre Nuno tem “a certeza que esta Festa tem futuro”.

Patrícia Seixas