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Sociedade

Abrantes: Chuva forte provoca inundações no Arco e em Pucariça (C/ÁUDIO, VÍDEO E FOTOS)

17/09/2020 às 00:00
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Uma chuvada forte a meio da tarde desta quinta-feira provou o caos nas encostas e linhas de água afluentes da ribeira da Pucariça. O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tinha colocado quase todo o país em alerta amarelo por causa da chuva forte e a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) lançou o aviso para os perigos de chuvas fortes previstas.

Só que em dez minutos, por volta das 15:30, algumas zonas da região foram alvo de chuvadas fortíssimas acompanhadas de vento muito forte, capaz de derrubar contentores, vasos de flores ou de fazer voar chapas de zinco.

E a ribeira da Pucariça, que percorre parte da União das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto e da Freguesia de Rio de Moinhos, voltou a receber os muitos metros cúbicos de uma chuvada que se abateu sobre o norte do concelho de Abrantes.

Em bom rigor a ribeira da Pucariça, que teve muitos problemas com a tempestade Elsa, em dezembro do ano passado, até recebeu bem e escoou as águas. O problema, desta vez, foram os seus afluentes que com água a mais e muitos resíduos entupiram e galgaram os seus leitos.

Imagens da ribeira da Pucariça recolhidas às 17:00 desta quinta-feira 

Filipa Soares mora no Arco, entre Rio de Moinhos e a Pucariça e viu nesta tarde a sua casa ficar inundada pelas águas da chuva que escorreram encosta fora e cujas linhas de água e aquedutos não conseguiram vazar.

“Foi uma trovoada que parecia uma tempestade tropical, veio uma ventania tão grande que quase não tive força para fechar as portadas”, começou por contar esta habitante referindo ainda que a água, tocada a vento, era tanta que entrava por baixo das portas. Mas isto era a chuva. O problema veio depois, quando começaram as chegar as águas das encostas nas traseiras da sua casa.

De depois explicou que ali na encosta havia um monte de estilha de um antigo eucaliptal que foi replantado. “Com a força da água a estilha veio por aí abaixo. Parecia uma avalanche, como vemos na televisão, com a bola de neve a formar-se (…) vim a correr chamar o meu marido para tirar os carros”, explica Filipa e acrescenta logo que tem água dentro de casa. Tem prejuízos que ainda não conseguiu contabilizar uma vez que ainda não teve tempo de limpar as lamas e perceber o que é que a água estragou.

Esta é uma situação que não é nova. Aliás, Filipa diz que é recorrente em toda esta zona da ribeira da Pucariça. E disse que em maio já tinha alertado a Junta de Freguesia de Rio de Moinhos. “E o que me custa é que neste momento (17:00) já temos aqui elementos da junta, da câmara, da proteção civil, já passaram os bombeiros (…) alguém nos tem de nos ajudar. Ninguém nos sabe dar uma resposta sobre nada. Entendo que isto deve estar assim pelo concelho todo e que não haverá respostas para todos. Mas, pergunto, há tantos anos que andamos nisto e continuamos na mesma?”

Filipa Soares diz que não é a primeira vez que tem água dentro de casa: “água e fogo aqui é uma constante” e considera que se não fosse a estilha, os resíduos, não teria este problema. A água, apesar de ser muita mesmo, poderia ter condições para passar.

Filipa Soares, moradora no Arco (Rio de Moinhos)

No local estiveram os presidentes das juntas de freguesia. Rui André, presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, e mais a norte Álvaro Paulino, presidente da União das Freguesias de Aldeia do Mato e Souto. Também esteve a Proteção Civil Municipal de Abrantes e elementos do gabinete da presidência da Câmara Municipal de Abrantes, para além de serviços técnicos da autarquia.

A ribeira de Pucariça quase que transbordava para fora das margens. O caudal era pouco norma, mas mesmo assim corria dentro do leito.

O problema foram os afluentes, como explicou Rui André, esperando que não chovesse mais naquele momento, pois faltava muito pouco para a ribeira sair do leito.

“A freguesia tem o problema dos incêndios e das cheias. E esta ribeira ainda não foi intervencionada depois dos prejuízos causados pela tempestade Elsa”, explicou o autarca adiantando que há um outro problema nas zonas laterais do vale. Disse o presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos, há cortes de eucaliptos em que a limpeza não é feita, apesar dos licenciamentos que existem, a água da chuva empurrou os resíduos que entupiram as linhas de água afluentes da ribeira. E depois causou este problema.

Rui André diz que a Câmara Municipal é responsável pela área da proteção civil e esta situação poderá ainda causar problemas em Rio de Moinhos, como aconteceu com a tempestade Elsa.

“Vamos, com a Câmara Municipal, tentar desobstruir as zonas das pontes, que são o maio problema para estes elevados caudais, mas sei que não é fácil. Está em causa um milhão e meio de euros para a intervenção da ribeira, depois da tempestade Elsa, que ainda não chegou”.

Rui André, presidente da Junta de Freguesia de Rio de Moinhos.

Da parte da Câmara Municipal de Abrantes para além das intervenções de imediato, com recurso a máquinas para fazer trabalhos de limpeza, está a ser feito o levantamento de todas as situações.

Esta foi a situação mais complicada nesta tarde para a Proteção Civil que mesmo assim tiveram ainda outras ocorrências de menor dimensão, como quedas de árvores ou pequenas inundações de vias.

Proteção Civil emite recomendações para próximos dias de mau tempo

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) emitiu hoje recomendações para as próximas 48 horas devido às previsões de chuva forte e vento até ao final de sexta-feira em todo o território de Portugal continental.

Em comunicado, a ANEPC explica que as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para hoje e sexta-feira apontam para precipitação forte em todo o continente, com a possibilidade de trovoada no interior, e vento moderado a forte.

Face às previsões, a Proteção Civil admite a possibilidade de inundações em “locais historicamente vulneráveis” e em estruturas urbanas subterrâneas, e de cheias rápidas em meio urbano.

É ainda avançada a possibilidade de acidentes na orla costeira, queda de ramos ou árvores devido ao vento forte e a eventual formação de lençóis de água nas estradas.

A ANEPC recomenda que se evite a prática de atividades relacionadas com o mar e a circulação junto à orla costeira e zonas ribeirinhas e especial cuidado na circulação e permanência junto de áreas arborizadas.

No caso de cheias ou inundações, as zonas inundadas não devem ser atravessadas, por pessoas ou viaturas.

Para os condutores, é recomendada uma condução defensiva, “reduzindo a velocidade e tendo especial cuidado com a possível formação de lençóis de água nas vias.

A Proteção Civil recomenda ainda que se garanta a desobstrução dos sistemas de escoamento de águas e a adequada fixação de estruturas soltas.