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Eduardo Cabrita apadrinhou 66º aniversário dos Bombeiros do Sardoal

2/11/2019 às 00:00
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Os Bombeiros Municipais de Sardoal assinalaram este sábado, 2 de novembro, o seu 66º aniversário com uma cerimónia solene que contou com a presença do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita. A sessão que decorreu no Centro Cultural Gil Vicente contou com a atribuição de medalhas de serviço a elementos da corporação municipal e o ministro levou elogios, votos de bom trabalho e também algumas mensagens, em jeito, de pedidos para regulamentação da última legislação aprovada para o setor.

Comecemos por aqui. Se a legislação aprovada em julho vem dar mais justiça e equilibro aos bombeiros profissionais que, desta forma, passam a ter carreira de bombeiro com as respetivas progressões na carreira e demais benefícios, já os voluntários ficam aquém daquilo que deve ser a sua valorização.

Isto é, um bombeiro voluntário cumpre esse desígnio de ter uma outra profissão e de, fora dela, integrar o serviço de bombeiro. Mas para fazer isso tem a necessidade de fazer formação, de gastar tempo nessa valorização necessária para o desempenho de funções e, agora, fica muito longe daquilo que acontece com os colegas municipais, profissionais.

Tanto Nuno Morgado, comandante dos Bombeiros Municipais de Sardoal, como Adelino Gomes, representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, como Miguel Borges, presidente da Câmara de Sardoal, viraram-se para o governante convidado e pediram, com urgência, a regulamentação desta nova legislação. E foram mais longe. Nuno Morgado disse mesmo que esta tipologia de bombeiros mistos, com profissionais e voluntários, são os mais adequados para os territórios do interior, como esta região. Porque têm um trabalho ao longo do ano, que é assegurado por um corpo profissional, mas depois têm picos que são assegurados pelos voluntários. E essa é uma necessidade que existe e que, segundo eles, o governo vai ter de resolver rapidamente, por forma a não criar entraves ao trabalho que é feito pelos bombeiros. “Os bombeiros voluntários são um complemento fundamental para o trabalho dos profissionais”, vincou o comandante adiantando que é urgente regular os apoios do Estado aos corpos de bombeiros mistos, que têm as autarquias como “entidade patronal” e, por isso, têm menos apoios oficiais das entidades do poder central.

De resto, Nuno Morgado destacou o papel dos bombeiros como principal força de proteção civil, quando muitas vezes não são vistos dessa forma. “Os bombeiros não vão apenas a incêndios rurais, há mais atividades na salvaguarda de pessoas e bens”.

Em dia de festa da corporação, Nuno Morgado, viu a sua corporação atribuir diplomas de formação profissional a um grupo de bombeiros, assim como as medalhas de assiduidade, 10, 20 e 30 anos, a outros.

José Salvado, vice-presidente da Federação Distrital de Santarém dos bombeiros revelou o desempenho de todas as corporações do distrito ao longo do verão e deixou a nota que a sua instituição está consciente das dificuldades que existem no distrito. Finalizou a intervenção com a referência ao apoio que a autarquia de Sardoal dá aos seus bombeiros e depois concluiu com uma mensagem para dentro e para fora da estrutura: “Podemos não ter a capacidade para diminuir o vento, mas começamos a saber ajustar as velas”.

Já Adelino Gomes, comandante dos Voluntários de Constância, mas como representante da Liga dos Bombeiros Portugueses, deixou duas preocupações ao ministro Eduardo Cabrita. Uma tem a ver com a recente legislação dos bombeiros profissionais. Um passo há muito necessário, mas que precisa agora de ser equilibrado com o papel dos voluntários. Se não for ajustado “cria problemas gravíssimos tanto ao nível de comando como ao nível de serviço”.

O segundo é a valorização dos bombeiros que só se vêm nos incêndios rurais. E essa visibilidade toda representa afinal três ou quatro por cento do trabalho dos bombeiros. “Era importante dar a conhecer os outros 96% do trabalho dos bombeiros, fora do âmbito dos fogos”. Deixou também a nota de que grande parte do serviço de socorro feito no país é feito pelos bombeiros.

E no final uma mensagem clara de apoio aos familiares dos bombeiros, que, como revelou, são quem mais sofre com as agruras e os perigos deste trabalho e são, em primeira instância, os psicólogos e o apoio, os homens e mulheres que andam no terreno. E vincou que “quando as coisas não correm bem, os bombeiros querem tanta vez desistir da vida que levam. São as famílias que dão o equilíbrio e a força aos bombeiros e os fazem continuar na luta”.

Miguel Borges, o presidente da Câmara de Sardoal, voltou a revelar o que há mais de quatro anos tem vindo a dizer: “A proteção civil de Portugal está assente em pés de barro”. E deixou claro que há melhorias, mas que apensas pintam o barro ou o endurecem um pouco mais. Por isso, continua a referir esta frase que foi dita antes de 2017, ano fatídico para o nosso país. E adiantou temer que as melhorias de 2018 e 2019 possam fazer esquecer o que se viveu em 2017 e que possamos cair, novamente, numa certa “calma” na resolução dos problemas que deveriam estar resolvidos.

Deixou a indicação ao ministro Eduardo Cabrita do investimento que tem vindo a ser feito no concelho, porque para o autarca de Sardoal “é preferível pagar do que apagar”. Por isso revelou os dados dos últimos dois anos do concelho. Em 2018 Sardoal registou 19 fogos com 2,43 hectares de área ardida e em 2019 nove fogos com 3.800 metros quadrados de área destruída.

São números animadores, mas que não deixam a autarquia descansada e que aposta na proteção civil como a sua grande prioridade. Por isso anunciou uma candidatura à criação da casa da proteção civil. Será um investimento de 388 mil euros para acolher a proteção civil municipal, a Comissão Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios, o Centro de Meios Aéreos de Sardoal e ainda um centro de alojamento de emergência.

Também o presidente da autarquia sardoalense deixou a indicação aos presentes, e ao governante, que os corpos de bombeiros mistos, com profissionais e voluntários, é aquele que melhor responde às necessidades do seu território.

Eduardo Cabrita, o ministro da Administração Interna, deixou a mensagem de que escolheu o seu primeiro ato público desde da tomada de posse, há uma semana, para uma ação de proteção civil e bombeiros. E foi por isso que aceitou estar presente no Sardoal, um concelho que, há uns meses, foi considerado pelo primeiro-ministro António Costa como um exemplo no que diz respeito à prevenção de fogos florestais.

Eduardo Cabrita vincou bem a alteração que houve depois do fatídico ano de 2017 e virou-se para o futuro. Um futuro em que não podemos mais olhar para “o sistema como e fosse um conjunto de quintinhas”. Isto para dizer que existem os bombeiros, os canarinhos, os GIPS da GNR, os sapadores florestais e, mais recentemente, os vigilantes da floresta. E este é, segundo o ministro, o dispositivo que existe e que tem de trabalhar como um todo, juntamente com programas como o “Aldeia Segura – Pessoa Segura”, que tem como objetivo agrupar os habitantes das aldeias em zonas seguras dentro destas para facilitar o trabalho dos que combatem o fogo.

Eduardo Cabrita disse que as coisas melhoraram. Mesmo assim “os incêndios de Monchique [2018] e Vila de Rei e Mação [2019] têm de ser intensamente estudados”. É que temos muitos fenómenos que estão a mudar o rumo daquilo que era o “normal” no nosso país. E depois deu o exemplo dos gigantes incêndios que estão a afetar, atualmente, a Califórnia, no país mais rico do mundo.

Cabrita deixou também a nota de que a proteção civil é muito mais do que o combate aos incêndios rurais. Tem de estar prepara para dar resposta às inundações, e lembrou que estava no Ribatejo, às intempéries e furacões que cada vez mais vão chegar ao nosso país e aos sismos, onde Portugal apresenta também riscos conhecidos.

Quanto ao Decreto-Lei de julho, frisou que vem quebrar uma injustiça de anos naquilo que é a carreira dos bombeiros profissionais e sapadores. “Criou condições para uma nova carreira, os sapadores florestais”. O ministro disse também, sobre as mensagens que lhe foram transmitidas nos outros discursos: “tenho consciência que não resolveu todos os problemas, mas que resolveu alguns. Vamos continuar a trabalhar nele [no diploma sobre a carreira dos bombeiros profissionais aprovado em julho último]".

E deixou também a vontade de aperfeiçoar a diretiva financeira da proteção civil para os bombeiros “para não haver diferenças e atrasos”.

Depois da cerimónia decorreu um Sardoal de honra onde, já depois de o ministro ter saído, se contou os parabéns aos Bombeiros de Sardoal e onde se sopraram as velas dos 66 anos de vida da corporação.

De notar a presença do presidente da Câmara de Mação, Vasco Estrela, e do cumprimento “seco” entre ambos, quando o ministro entrou para o Centro Cultural Gil Vicente, para a cerimónia.