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Central Pego

Concurso para projeto de conversão da central do Pego lançado em setembro – Governo

14/07/2021 às 23:05
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O Governo pretende lançar em setembro o concurso para projetos de conversão da central a carvão do Pego, em Abrantes, que será desativada em novembro, anunciou hoje o ministro do Ambiente.

“Esse concurso [para a central do Pego] vai ser lançado no início de setembro”, avançou o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, que foi ouvido esta tarde no parlamento.

Em entrevista à Lusa, em junho, Matos Fernandes disse que o plano para o Pego passa por um concurso "absolutamente público e transparente", a que os acionistas da central do Pego podem concorrer, mas que não estará limitado às duas partes.

Os dois acionistas da central a carvão do Pego, a TrustEnergy e a Endesa, estão em desacordo em relação ao futuro da estrutura, após a suspensão da atividade em 30 de novembro.

A TrustEnergy, acionista maioritária, quer reconverter a central num Centro Renovável de Produção de Energia Verde, projeto que, de forma faseada, implicará um investimento de 900 milhões de euros, considerando que "a melhor opção não será o desmantelamento da estrutura".

O secretário de Estado Adjunto e da Energia, João Galamba, explicou, também hoje, aos deputados da Comissão de Ambiente, Energia e Ordenamento do Território, que o Governo quer fazer o concurso em setembro, justamente para resolver a situação antes da cessação do Contrato de Aquisição de Energia (CAE) da central do Pego, em 30 de novembro.

“Quando percebemos que o não entendimento [entre os dois acionistas] era uma possibilidade, quando uma das partes até deu entrada em tribunal para a dissolução da sociedade, o Governo decidiu avançar com um concurso”, explicou João Galamba.

O secretário de Estado precisou que o concurso permite que outros projetos se candidatem, uma vez que não está limitado aos acionistas.

“Não será um concurso como os leilões que fizemos, o objetivo aqui não é ter um preço mais barato, é ter o melhor projeto”, realçou João Galamba, acrescentando que ganhará o projeto “que assegure os interesses da região” e dos trabalhadores e que esteja alinhado com os objetivos da descarbonização.

"Parece-nos esta a solução mais transparente, mais objetiva e que melhor defende os interesses da região, alguns autarcas discordam [...], mas esses autarcas também terão uma palavra a dizer", acrescentou.

A Endesa, segunda maior acionista da central a carvão do Pego, discorda da decisão de uma reconversão baseada na biomassa (queima de resíduos florestais) e quer que o Governo lance novo concurso e propõe um projeto de 600 milhões de euros.

Em declarações à Lusa, em 28 de maio, Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal, explicou que a empresa espanhola não se entendeu com o seu atual sócio na Tejo Energia, a TrustEnergy, e contrapõe com um investimento de 600 milhões de euros que “inclui a construção de uma central solar fotovoltaica de 650 megawatts (MW), o desenvolvimento de 100 megawatts (MW) de capacidade de armazenamento com baterias e a instalação de um eletrolisador com capacidade de produção de 1.500 toneladas/ano de hidrogénio verde”.

A central do Pego - a única central a carvão atualmente em atividade em Portugal - é detida pela TrustEnergy, um consórcio constituído pelos franceses da Engie e os japoneses da Marubeni, que detém 56% da central do Pego, e pela Endesa (com 44%).

Lusa