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Região

Central do Pego avança para “carvão vegetal” (com áudio)

18/02/2020 às 00:00
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Está definida a matéria-prima parta a Central do Pego laborar a partir de 2021: carvão vegetal. Não é a biomassa pura, mas sim a biomassa depois de ter passado por um processo de torrefação o que vai fazer com que se aproxime mais a uma espécie de carvão vegetal.

Os processos de licenciamento já estão em curso junto das diversas entidades, incluindo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

Com esta locução de curto prazo não haverá grandes alterações estruturais ou físicas uma vez que como a matéria-prima é semelhante haverá lugar a ajustes de equipamento.

Ao mesmo tempo, se esta solução for aprovada não haverá necessidade de despedimentos ou despedimentos em massa porque a laboração vai continuar, praticamente do mesmo modo, avançada que está a possibilidade de trabalho dos dois grupos a esta biomassa transformada.

A informação foi avançada esta terça-feira, na reunião do executivo municipal de Abrantes, pelo presidente Manuel Jorge Valamatos que apresentou uma proposta para emissão de um parecer de localização favorável para o projeto de conversão da Central do Pego.

Manuel Jorge Valamatos informa que esteve na segunda-feira, dia 17 de fevereiro, numa reunião na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT) onde explicaram os pormenores desta alteração. “Olhamos com muito interesse o não desmantelamento desta Central no concelho, na região e no país”, disse o autarca e salienta que não tem nada contra a descarbonização da economia e do país.

Manuel Jorge Valamatos vinca a ideia de uma importância que a Central do Pego tem atualmente no sistema elétrico nacional e que tem a ver com a despachabilidade, que é, numa explicação simples, a possibilidade de, num curto espaço de tempo, entrar em funcionamento e fornecer a energia à rede quando as outras fontes não funcionarem, como sejam a hídrica, solar ou eólica. Manuel Jorge Valamatos explicou, mais do que uma vez, que a Central não quer madeira, pinheiros ou eucaliptos. Querem aquilo que são os resíduos retirados da floresta, depois das limpezas.

Manuel Jorge Valamatos explica o processo em curso para reconversão da Central do Pego

Armindo Silveira, vereador do Bloco de Esquerda, votou favoravelmente o parecer, embora ressalve que o documento que acompanha o projeto da Central não explica as dúvidas que o partido tem sobre este processo. Armindo Silveira diz que quer ter um papel construtivo no processo, mas diz que não existe nenhum documento oficial que declare que seja essencial para a estabilidade da rede elétrica nacional. Avança ainda que não há indicação do número de funcionários que vão continuar a trabalhar e não há indicação dos locais onde vai ser recolhida a biomassa, assim como se não haverá importação ou se poderá vir a recorrer a plantações próprias. Por outro lado, revela que os documentos não revelam as quantidades de biomassa necessários para o funcionamento ou não esteja definido, embora subjacente, o conceito de despachabilidade ou a taxa de disponibilidade. E depois avançou com as ideias do BE do combate às alterações climáticas e na defesa das energias renováveis.

Armindo Silveira explica a posição do Bloco de Esquerda

Rui Santos, vereador eleito pelo PSD, registou o agrado de ver a proposta na reunião de Câmara e que fica satisfeito por perceber que não haverá despedimentos neste processo da Central do Pego.

Rui Santos mostra agrado pela manutenção dos postos de trabalho

Recorde-se que a 6 de janeiro deste ano o jornal diário Público apontava uma eventual solução para o final da produção a carvão em Portugal e no Pego, mais concretamente.

 

Em relação à Central do Pego, o Público revelava que os acionistas da Endesa, Trustenergy e EDP avaliavam a minimização de impactos negativos na região ao mesmo tempo que estavam a tentar abordar os aproveitamentos das estruturas que existem.

O presidente da Endesa revelou, na altura, que a haver produção de hidrogénio no Pego teria de ser para consumo interno, uma vez que não existe aqui [no interior do país] um porto de águas profundas, como em Sines, que permita a exportação deste produto.

 

Notícia relacionada: Central do Pego pode voltar-se para o hidrogénio