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Política

Rui André em entrevista: Os partidos não podem pensar que “o jogo está ganho”

18/12/2018 às 00:00
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Rui André está no seu terceiro mandato

Sem cores, nem partidos...simplesmente unidos” foi o lema que o Movimento Independente da Freguesia de Rio de Moinhos apresentou nas últimas Autárquicas de 2017 e que recolheu a maioria dos votos daquela freguesia.

Já passou mais de um ano e quisemos saber como está a decorrer o trabalho na única freguesia do concelho de Abrantes liderada por um Movimento Independente.

Rui André, 47 anos, técnico superior de reinserção social, é o presidente da Junta de Freguesia. Está no seu terceiro mandato e começa por afirmar à Antena Livre e ao JA que “a freguesia de Rio de Moinhos ficou a ganhar estando ligada a um Movimento Independente”.

 

Já passou mais de um ano das eleições Autárquicas de 2017, que balanço faz?

A freguesia de Rio de Moinhos ficou a ganhar mais, estando ligada a um Movimento Independente, do quando tínhamos o apoio de um partido político nos mandatos anteriores.

Neste terceiro mandato que presido, toda a comunidade da freguesia parece estar mais unida para um único objetivo - que é fazer pela freguesia e ajudá-la a desenvolver-se.

Com este novo projeto político, mostrámos às pessoas que quem está à frente da Junta de Freguesia, desde a Assembleia, passando pelo executivo, tem um único propósito: não é o partido político que importa, é o desenvolvimento da nossa terra e o bem-estar das pessoas.

Penso que com as outras freguesias o mesmo acontece. O problema é que nas outras freguesias há uma conotação com um partido e há sempre pessoas que têm tendência a afastar-se. No nosso caso, houve uma aproximação de todos porque de facto as pessoas verificaram que afinal o Rui André e a sua equipa não precisavam de um partido político, de uma estrutura por trás, para tentar orientar os destinos da freguesia.

O balanço que fazemos com o Movimento de Independente é francamente positivo.

Ao fim de muitos anos, o adro da igreja está finalmente em obra.

É verdade, estamos a finalizar a obra no adro. Uma obra muito importante para a comunidade que visou recuperar um espaço que estava devoluto.

Um espaço que estava menos bonito e que nós quisemos dignificá-lo em três vertentes: com o objetivo de valorizar a igreja, daí uma parceria com a Paróquia. Ao nível da orientação das águas pluviais, o que foi um trabalho fundamental. E por último, quisemos dignificar os nossos antepassados que estão enterrados naquele local.

O que fizemos foi subir a cota e tornámos o espaço muito mais aprazível, que queremos concluir até ao final do mês de dezembro.

O apoio da Câmara foi fundamental e totalizou um investimento na ordem dos 40 mil euros.

Esta obra foi possível porque agora através dos contratos inter-administrativos, que a meu ver têm sido uma excelente iniciativa do Município, é nos atribuído dois tipos de apoio: um destinado à limpeza urbana... e um outro que fica ao nosso critério. Nós entendemos que deveria de ficar entregue à recuperação do adro.

Para o próximo ano, já foi aprovada na Assembleia Municipal uma verba que ronda os 40 mil euros para Rio de Moinhos que incidirá na conclusão da estrada do cais.

Adro da igreja está em obra

 

Que outros projetos surgiram neste primeiro ano de mandato?

Este ano, também ficou marcado pela elaboração da nossa agenda cultural, que em conjunto com as coletividades da freguesia, tem sido possível divulgar os nossos diversos eventos.

Depois, prosseguimos com o Encontro dos Riomoinheses de Portugal e no próximo ano estaremos em Satão. Uma vez mais, fizemos parte da Feira de Doçaria e Artesanato do norte do concelho de Abrantes e estivemos também com a Confraria Ibérica do Tejo, no Cruzeiro Religioso.

Este ano, também ficou marcado pela nossa conquista do Orçamento Participativo (OP). Dois projetos foram contemplados e se tudo correr bem em 2019 serão concretizados.

Na prática, estamos a falar de uma Quinta Social que ficará contígua ao Centro de Apoio a Idosos e à Extensão de Saúde, onde pretendemos alindar aquele espaço e não só. No OP conseguimos também um poli desportivo para o Centro Escolar. Era uma carência daquele espaço e, assim, os nossos jovens e crianças já vão conseguir praticar muitas modalidades.

Continuamos a ser parceiros do Centro de Apoio a Idosos com a Escola dos Sorrisos, onde de segunda a sexta-feira, os nossos idosos têm várias atividades. E neste ponto, é preciso recordar que o Centro de Apoio a Idosos fez também uma candidatura ao BPI Sénior, e com 20.800 euros, vai realizar um jardim sensorial.

A Junta de Freguesia é proprietária de um prédio em Lisboa, na zona baixa da cidade, que vai ser convertido em hotel. Como está o processo?

É um processo que já dura há muitos anos. Mas, estamos a finalizar a parte burocrática. O projeto do hotel já foi aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa e agora deu entrada a parte das especialidades. Se tudo correr bem, até ao fim do ano 2018 ou no primeiro trimestre de 2019 o projeto na globalidade será aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa, que depois entregará o alvará de construção para que sejam iniciadas as obras em 2019.

Recordo que quando o hotel de 3 estrelas estiver construído, terá uma capacidade para 27 quartos, e um financiamento para a Junta de Freguesia de 2 mil euros mensais, 24 mil euros anuais. Esta situação representa uma mais valia para a Junta de Freguesia sendo que o nosso orçamento, sem os contratos inter-administrativos da Câmara, não chega a 40 mil euros.

Quais sãos os principais problemas que a freguesia enfrenta?

É preciso recordar que as cheias do ano passado deixaram consequências. Ficámos com situações por resolver que afetam o dia a dia das pessoas e que se podem tornar perigosas se não forem resolvidas muito rapidamente.

Em concreto, estamos a falar de um poste junto à Fonte das Duas Bicas e do muro que caiu. A Câmara Municipal e a Proteção Civil já estiveram no local e verificaram que o poste não representa perigo, mas a derrocada é preciso reparar.

Na estrada do Arco, junto à ribeira, uma parte ficou danificada e debaixo da ponte da A23 temos a situação de uma ponte onde é preciso intervir. É necessário deitar aquela ponte abaixo e fazer uma outra com um vão maior para que o escoamento aconteça melhor.

São intervenções que já estão identificadas pela Câmara Municipal e a previsão que temos é que no início do ano elas estejam resolvidas.

Depois, temos os problemas recorrentes, como algumas estradas por asfaltar. Situações em que o orçamento da Junta de Freguesia não chega e que temos de tentar outro tipo de apoio.

Junto à Fonte das Duas Bicas o muro caiu nas cheias de 2017

 

O que se prevê para 2019 na freguesia?

De 8 a 13 de fevereiro assinalam-se os 40 anos da última grande cheia do rio Tejo, em Rio de Moinhos.

Foi a maior cheia do séc. XX e, por isso, estamos a planear criar 8 painéis de azulejos com fotografias antigas, daquele ano -1979, que elucidam o que foi a subida das águas do rio Tejo.

Vamos colocar estes painéis nos locais onde a água chegou para ficarem em permanência. Em paralelo, vamos realizar uma exposição sobre este acontecimento, porque entendemos que é preciso marcar este tempo que faz parte da nossa história.

Queremos concluir o asfaltamento da estrada do cais que é fundamental e para dar outras condições aquele acesso.

Para o próximo ano, também queremos avançar com o projeto da sede social. Temos de iniciar o processo de levantamento de carências e problemas do rés do chão e do 1º andar para que em 2020 seja possível concorrer a fundos de modo a recuperar aquele equipamento.

Para o adro, estamos a pensar intervir no coreto e realizar mensalmente um mercado de produtos locais para dinamizar o espaço e a nossa economia local.

Depois, queremos manter aquelas ações regulares que temos levado a cabo porque é importante fazer coisas novas, mas manter e melhorar o que já existe também o é.

Com o surgimento do Movimento Independente, como ficou a relação com a Câmara Municipal?

Temos tido um bom relacionamento com a Câmara Municipal, uma vez que é de conhecimento que as pessoas que compõem o Movimento têm autonomia e dinâmica.

É um relacionamento bom que pode ser melhorado, mas pelo menos denotamos que a Câmara já olha para nós de uma forma diferente, para melhor.

O surgimento do nosso Movimento foi diferenciador e isto é a prova que os partidos não podem pensar que “o jogo está ganho”. É sempre preciso trabalhar, e trabalhar de uma forma diferente da forma como se trabalhava há 40 anos.

A meu ver, os partidos não tiveram a preocupação de evoluir e o surgimento destes movimentos têm muito a ver com o facto de os partidos se fecharem entre eles e condicionarem a entrada de pessoas que têm ideias diferentes.

Uma coisa é certa, este Movimento “agitou” e vai “agitar” ainda mais.

A freguesia de Rio de Moinhos tem cerca de 1000 habitantes

Entrevista para ouvir esta quarta-feira, no alargado do 12h00, com reposição às 18h00