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Política

Eleições: Da Constituinte de 1975 às legislativas de 2015

12/09/2019 às 00:00
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História e contexto das eleições legislativas realizadas em Portugal, desde a Assembleia Constituinte, em 1975, incluindo os resultados por partido.

1975: As primeiras "eleições livres e justas" em plena revolução

Foram as primeiras eleições livres no pós-25 de Abril, em que se registou um recorde de participação (92%) e em que se formaram longas filas de pessoas para votar, um pouco por todo o país.

Um ano depois do golpe que derrubou a ditadura e se transformou na "Revolução dos cravos", os militares do Movimento das Forças Armadas (MFA), que derrubou o Governo de Marcelo Caetano com a promessa de democratizar e de eleições livres, tinham um papel preponderante no país.

Nesse ano, entre o golpe e as eleições para o parlamento que elaborou a Constituição, Portugal fervilhava de atividade política, com manifestações nas ruas, pelas liberdades, contra o fascismo, contra a guerra colonial, criaram-se muitos partidos, mais à esquerda do que à direita.

Neste ambiente político extremado, os países aliados recearam uma viragem de Portugal à esquerda, mas os resultados deram a vitória às chamadas forças moderadas: PS e PPD (hoje PSD), juntos, tiveram mais de 50% dos votos, enquanto o PCP se ficou pelos 12%.

As eleições para a Assembleia Constituinte ditaram a vitória para o PS, liderado por Mário Soares (37,87%), à frente do PPD, hoje PSD, fundado por Francisco Sá Carneiro, que conseguiu 26,39% dos votos.

À esquerda, o PCP, liderado pelo dirigente histórico comunista Álvaro Cunhal, recolheu 12,46% dos votos. E a UDP conseguiu um deputado, com 0,79%. O CDS foi o partido mais à direita a eleger deputados, com 7,6% dos votos.

25 de abril de 1975 - Eleições para a Assembleia Constituinte 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PS:             2162972         (37,87%)                116
PPD:            1507282         (26,39%)                81
PCP:            711935          (12,46%)                30
CDS:            434879          (7,61%)                 16
MDP:            236318          (4,14%)                 5
FSP:            66307           (1,16%)                 0
MES:            58248           (1,02%)                 0
UDP:            44877           (0,79%)                 1
FEC:            33185           (0,58%)                 0
PPM:            32526           (0,57%)                 0
PUP:            13138           (0,23%)                 0
LCI:            10835           (0,19%)                 0
ADIM:           1622            (0,03%)                 1
CDM:            1030            (0,02%)                 0
Abstenção: 8,34%

1976: As primeiras eleições para a Assembleia da República

Depois de aprovada a Constituição, foi novamente a 25 de abril, mas em 1976, que se realizaram as primeiras eleições para a Assembleia da República. Os protagonistas políticos deste momento são Mário Soares (PS), Sá Carneiro (PSD), Amaro da Costa (CDS) ou ainda Álvaro Cunhal (PCP).

Com o processo revolucionário já ultrapassado, após o 25 de Novembro de 1975, após um período de tensão, com assaltos a sedes dos partidos de esquerda e golpes e contragolpes, vivia-se uma espécie de "ressaca". Os primeiros meses de 1976 eram caracterizados por um aumento do desemprego, a queda da produtividade ou a estagnação de salários.

Por isso, a campanha eleitoral foi dominada por duas questões principais - os problemas económicos e as alternativas políticas. Para a história ficará também o "slogan" "Vencer a crise", do PS, que ganhou as eleições, com mais de dez pontos percentuais de vantagem sobre o PPD.

Apesar da rivalidade, socialistas e sociais-democratas tinham um objetivo em comum, isolar o PCP, que deu ênfase na sua campanha no ataque às políticas dos governos, de que os partidos de Soares e Sá Carneiro foram corresponsáveis.

Uma nota ainda sobre estas eleições: a legalização de dois partidos, o PDC e o PPM, o que aumentou a "oferta" eleitoral à direita, numas legislativas em que o CDS mais que duplicou a sua votação relativamente a 1975.

25 de abril de 1976 - Eleições para a Assembleia da República 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PS:             1912921         (34,89%)                107
PPD:            1335381         (24,35%)                73
CDS:            876007          (15,98%)                42
PCP:            788830          (14,39%)                40
UDP:            91690           (1,67%)                 1
FSP:            42162           (0,77%)                 0
MRPP:           36200           (0,66%)                 0
MES:            31332           (0,57%)                 0
PDC:            29874           (0,54%)                 0
PPM:            28320           (0,52%)                 0
LCI:            16269           (0,30%)                 0
PCP (ML):       15830           (0,29%)                 0
AOC:            15778           (0,29%)                 0
PRT:            5171            (0,09%)                 0
Abstenção: 16,47%

1979: A direita democrática chega ao poder com a AD

Após anos no poder, o PS de Mário Soares perde as eleições e o centro-direita, PSD, CDS e PPM, com a Aliança Democrática (AD), chega ao poder no Portugal democrático nas eleições intercalares e logo com maioria absoluta (42,5%).

De 1976 a 1979, a vida política portuguesa foi deveras atribulada, com a queda do segundo Governo de Soares e do PS, e a formação dos governos de iniciativa presidencial de Nobre da Costa, Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintasilgo, primeira e única mulher, até agora, a chefiar um governo em Portugal.

Em termos sociais, as principais formações - PS, APU (a primeira aliança liderada pelo PCP), e a AD (com PSD, CDS, PPM e reformistas) - centram as suas principais promessas para resolver os problemas mais centrais: a inflação, custo de vida e desemprego.

Politicamente, o combate fez-se também em torno de questões institucionais, como o controlo da economia pelo Estado ou a existência de um Conselho da Revolução, ainda decorrente da "Revolução dos Cravos".

A AD tenta, durante a campanha, colar o PS ao PCP, afirmando que, para governar, os socialistas precisariam do apoio dos comunistas e teriam de aceitar as condições de Álvaro Cunhal: "Hoje, votar no PS é, na prática, o mesmo que votar PC."

02 de dezembro de 1979 - Eleições intercalares 
Partido         Votos           %                       Deputados 
AD:             2554458         (42,52%)                121
PS:             1642136         (27,33%)                74
APU:            1129322         (18,80%)                47
PSD:            141227          (2,35%)                 7
UDP:            130842          (2,18%)                 1
PDC:            72514           (1,21%)                 0
PCTP/MRPP:      53268           (0,89%)                 0
UEDS:           43325           (0,72%)                 0
PSR:            36978           (0,62%)                 0
CDS:            23523           (0,39%)                 0
POUS:           12713           (0,21%)                 0
OCMLP:          3433            (0,06%)                 0
Abstenção: 17,13%

1980: As eleições de reforço da Aliança Democrática

Separadas por três meses, estas legislativas foram marcadas pela proximidade das presidenciais, em dezembro, e pelos efeitos da vitória da AD, no ano anterior. Nas urnas, a Aliança Democrática, de Sá Carneiro e Amaro da Costa, conseguiu até reforçar a votação, com um discurso centrado nos ataques ao Conselho da Revolução, formado no período revolucionário, ao Presidente da República, Ramalho Eanes, aos socialistas e comunistas.

Os temas de campanha mantiveram-se, como o conflito institucional com o Presidente, a necessidade de uma revisão constitucional e da estabilidade política, a par das questões económicas e sociais.

O PS de Soares formou a Frente Republicana e Socialista (FRS) com a Acção Social Democrata Independente (ASDI), de Sousa Franco, e União da Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS), liderada por António Lopes Cardoso, e apresenta-se como única alternativa à AD, mas é, de novo, derrotado nas urnas, apesar de recuperar algum apoio eleitoral.

Politicamente, estas eleições abriram caminho à revisão constitucional, em acordo AD-PS, para a extinção do Conselho de Revolução.

Com a morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa, na queda de um avião em dezembro de 1980, seguiram-se mais dois governos da AD, liderados por Francisco Pinto Balsemão, que viveram momentos de alguma turbulência e levaram à queda do seu primeiro executivo.

05 de outubro  de 1980
Partido         Votos           %                       Deputados 
AD:             2706667         (44,91%)                126
FRS:            1606198         (26,65%)                71
APU:            1009505         (16,75%)                41
PPD/PSD:        147644          (2,45%)                 8
UDP:            83204           (1,38%)                 1
POUS/PST:       83095           (1,38%)                 0
PS:             67081           (1,11%)                 3
PSR:            60496           (1,00%)                 0
PT:             39408           (0,65%)                 0
PCTP/MRPP:      35409           (0,59%)                 0
PDC-MIRN/PDP-FN:23819           (0,40%)                 0
CDS:            13765           (0,23%)                 0
UDA/PDA:        8529            (0,14%)                 0
OCMLP:          3913            (0,06%)                 0
Abstenção:16,06%

1983: As eleições do Bloco Central, da crise e da Europa

As legislativas, ganhas pelos socialistas liderados por Mário Soares, abriram caminho, pela primeira vez, a um entendimento inédito entre os dois maiores partidos, PS e PSD, presidido por Carlos da Mota Pinto, que ficou para a história como Bloco Central.

O contexto do país continua a ser de crise, que levou, nesse ano de 1983, a mais uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), a segunda depois de 1978.

Portugal viveu, nesta época, um dos seus piores períodos, eternizados nos anos seguintes pelas manifestações e pelas bandeiras negras da fome no distrito de Setúbal, ao mesmo tempo que se aguardava a formalização da entrada de Portugal na então CEE, que viria a consumar-se em 1986.

Mário Soares tornou-se primeiro-ministro e Mota Pinto o "número dois" do Governo.

Duas curiosidades: pela primeira vez de forma mais sistemática, os partidos ensaiaram uma maior utilização da imagem dos seus líderes nos materiais de campanha, com mensagens mais simples e apelativas, em vez da ideologia, e a publicitação de sondagens nos órgãos de informação era proibida, ao contrário do que acontece hoje, na fase pré-eleitoral.

25 de abril de 1983 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PS:             2061309         (36,11%)                101
PPD/PSD:        1554804         (27,24%)                75
APU:            1031609         (18,07%)                44
CDS:            716705          (12,56%)                30
PDC:            39180           (0,69%)                 0
PPM:            27635           (0,48%)                 0
UDP:            27260           (0,48%)                 0
UDP-PSR:        25222           (0,44%)                 0
PCTP/MRPP:      20995           (0,37%)                 0
POUS:           19657           (0,34%)                 0
PSR:            13327           (0,23%)                 0
LST:            11500           (0,20%)                 0
OCMLP:          6113            (0,11%)                 0
PDA:            5523            (0,10%)                 0
Abstenção: 22,21%

1985: As eleições do PRD e da primeira maioria PSD com Cavaco

O Governo do Bloco Central resistiu pouco menos de três anos, em tempos de crise, mas não sobreviveu à mudança de líder do PSD, que elegeu Cavaco Silva para substituir Carlos da Mota Pinto, entretanto falecido.

Cavaco, ex-ministro das Finanças de Sá Carneiro, fora eleito numa plataforma de contestação ao PS e à solução governamental de Bloco Central, que já causara instabilidade no executivo e, no final, levou à sua queda, por decisão do Presidente Ramalho Eanes.

O PS escolheu Almeida Santos como candidato a primeiro-ministro nas eleições legislativas, mantendo-se Mário Soares secretário-geral do partido. É desta campanha o cartaz socialista em que surge Almeida Santos com as frases "O que prometo, faço" e "43% para governar Portugal".

Do outro lado da "barricada" estavam o PSD e Cavaco Silva, que aparece no cartaz com a frase "Vota Cavaco Silva - competência para cumprir".

Nos boletins de voto destas eleições surgiu, pela primeira vez, o Partido Renovador Democrático (PRD), o partido eanista, inspirado em Ramalho Eanes, a pouco tempo de deixar o Palácio de Belém.

Na noite das eleições, os resultados ditaram um verdadeiro "terramoto" eleitoral: ganha o PSD de Cavaco, com maioria relativa, o PS, com Almeida Santos, fica em segundo, mas a mais de 12 pontos percentuais, e o PRD, liderado por Hermínio Martinho, estreia-se com quase 18% e 45 deputados.

O Governo de Cavaco, o primeiro governo monopartidário do PSD, resistiu dois anos, até mais uma crise, quando a Presidência da República era já ocupada por Mário Soares.

06 de outubro de 1985
Partido         Votos           %                       Deputados 
PPD/PSD:        1732288         (29,87%)                88
PS:             1204321         (20,77%)                57
PRD:            1038893         (17,92%)                45
APU:            898281          (15,49%)                38
CDS:            577580          (9,96%)                 22
UDP:            73401           (1,27%)                 0
PDC:            41831           (0,72%)                 0
PSR:            35238           (0,61%)                 0
PCTP/MRPP:      19943           (0,34%)                 0
POUS:           19085           (0,33%)                 0
PC(R):          12749           (0,22%)                 0
Abstenção: 25,84%

1987: A primeira maioria absoluta em democracia foi do PSD

Num sistema eleitoral desenhado para não facilitar maiorias absolutas, o PSD conseguiu a primeira na história da democracia portuguesa em julho de 1987.

Para trás, ficara uma crise aberta pela visita de uma delegação parlamentar à Estónia, na URSS, que o Ministério dos Negócios Estrangeiros desconhecia. Desconhecia e criticou, por contrariar a prática dos países da NATO de visitar estas repúblicas bálticas que ambicionavam a independência.

No meio desta tempestade política, o PRD apresentou uma moção de censura, que foi aprovada. Embora os renovadores defendessem a formação de um governo, dentro do mesmo parlamento, com o apoio dos socialistas, que já tinham Vítor Constâncio como secretário-geral, sucedendo a Mário Soares, agora Presidente da República.

O líder e fundador do PS teve opção diferente e convocou eleições antecipadas.

O clima político e económico das eleições de 1987 era bem diferente das de 1985. O país já tinha entrado na CEE, e registava taxas de crescimento da economia de quase 3%, com a queda da inflação e das taxas de desemprego.

Após uma campanha em que a lei continuava a proibir a publicação de sondagens, Cavaco consegue 50% dos votos e o PS fica reduzido a 22%, menos de metade da votação dos sociais-democratas. O PRD é outro dos derrotados e o PCP, que concorre na coligação CDU, é a terceira força política. Outro dos grandes derrotados é o CDS, que apenas elegeu quatro deputados. Daí ainda hoje se lembrar esse período como o tempo em que o CDS teve o grupo parlamentar "do táxi".

19 de julho de 1987 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PPD/PSD:        2850784         (50,22%)                148
PS:             1262506         (22,24%)                60
CDU:            689137          (12,14%)                31
PRD:            278561          (4,91%)                 7
CDS:            251987          (4,44%)                 4
UDP:            50717           (0,89%)                 0
PSR:            32977           (0,58%)                 0
MDP/CDE:        32607           (0,57%)                 0
PDC:            31667           (0,56%)                 0
PPM:            23218           (0,41%)                 0
PCTP/MRPP:      20800           (0,37%)                 0
PC(R):          18544           (0,33%)                 0
POUS:           9185            (0,16%)                 0
Abstenção: 28,43%

1991: Maioria "laranja" outra vez

Estas foram as eleições que confirmaram a hegemonia do PSD e de Cavaco Silva, depois de uma legislatura, completa, de "coabitação pacífica" entre Cavaco e Soares, e em que se fez uma revisão constitucional que ditou a redução do número de deputados para 230, menos 20 do que até então.

Os partidos da oposição mudaram de líderes. Jorge Sampaio era é agora secretário-geral do PS, Pedro Canavarro liderava o PRD e Freitas do Amaral substituiu Lucas Pires à frente do CDS. No PCP, sob a liderança de Álvaro Cunhal, Carlos Carvalhas começava a ganhar relevância, num conjuntura adversa aos comunistas com a queda da URSS.

A conjuntura económica continuava favorável, ao país e ao PSD, que espalhou cartazes pelo país com o "slogan" "Portugal no bom caminho" ou "Estabilidade e confiança", para contrapor ao período de instabilidade política antes das eleições de 1985.

Estas legislativas ditaram também a eleição de Manuel Sérgio, do PSN, que se apresentava como partido dos reformados, e à esquerda, o PSR quase elegeu um deputado (Francisco Louçã) em Lisboa.

O PS, com Jorge Sampaio, recupera eleitoralmente, mas a 20 pontos percentuais do PSD, e o CDS continuou com 4%.

06 de outubro de 1991 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PPD/PSD:        2902351         (50,60%)                135
PS:             1670758         (29,13%)                72
PCP-PEV:        504583          (8,80%)                 17
CDS:            254317          (4,43%)                 5
PSN:            96096           (1,68%)                 1
PSR:            64159           (1,12%)                 0
PCTP/MRPP:      48542           (0,85%)                 0
PRD:            35077           (0,61%)                 0
PPM:            25216           (0,44%)                 0
PDA:            10842           (0,19%)                 0
FER:            6661            (0,12%)                 0
UDP:            6157            (0,11%)                 0
Abstenção: 32,22%

1995: O fim do "cavaquismo" e a "nova maioria" do PS de Guterres

Dez anos depois de ter chegado ao Governo, Cavaco Silva saiu de São Bento e "deu" o lugar a António Guterres, do PS, que ficara em "estado de choque", quatro anos antes, com a derrota de Jorge Sampaio. Meses depois, substituiu-o na liderança dos socialistas.

Com o PSD em queda, o CDS tinha como líder Manuel Monteiro, que posicionou o partido claramente à direita, na tentativa de conquistar um eleitorado conservador, adotando também um discurso eurocético.

À esquerda, Guterres foi construindo a sua imagem de líder moderado, desde 1992, e adotou uma estratégia de abertura do PS à sociedade civil, com os chamados "estados gerais para a nova maioria". Favorito nas sondagens, o resultado nas urnas foi insuficiente para ganhar a maioria absoluta.

PSD fez avançar Fernando Nogueira, "número dois" de Cavaco, que perdeu as eleições e abandonou a política.

Ainda à direita, o CDS de Manuel Monteiro duplicou os votos do partido, elegendo 15 deputados.

A esquerda, a CDU, com o PCP já sob a liderança de Carlos Carvalhas, conseguiu estabilizar a votação nos comunistas, conseguindo 15 deputados.

01 de outubro de 1995 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PS:             2583755         (43,76%)                112
PPD/PSD:        2014589         (34,12%)                88
CDS-PP:         534470          (9,05%)                 15
PCP-PEV:        506157          (8,57%)                 15
PCTP/MRPP:      41137           (0,70%)                 0
PSR:            37638           (0,64%)                 0
UDP:            33876           (0,57%)                 0
PSN:            12613           (0,21%)                 0
PG:             8279            (0,14%)                 0
MPT:            8235            (0,14%)                 0
PPM-MPT:        5932            (0,10%)                 0
MUT:            2544            (0,04%)                 0
PDA:            2536            (0,04%)                 0
Abstenção: 33,70%

1999: PS sem maioria absoluta e o surgimento do Bloco

Apesar de ter sido cauteloso no pedido explícito de uma maioria absoluta, o PS ficou a um deputado da meta. Foi o famoso empate 115-115 entre a bancada socialista e a oposição, na Assembleia da República.

A conjuntura tinha sido positiva, em termos económicos, com a preparação da entrada do país na moeda única, embora o PS e Guterres tenha averbado duas derrotas nos referendos sobre o aborto e a regionalização, que tiveram a oposição clara da direita e do PSD, então liderado por Marcelo Rebelo de Sousa, hoje Presidente da República.

A campanha decorreu num clima atípico, com a crise em Timor-Leste em pano de fundo e, no final, marcada pela morte da fadista Amália Rodrigues, que interrompeu a campanha eleitiral.

O PSD trocara entretando de líder, Durão Barroso sucedeu a Marcelo, que saiu devido à fracassada aliança com o CDS, agora chefiado por Paulo Portas.

À esquerda, o PCP, com a CDU, foi a terceira força política, reforçou o número de deputados e, mesmo assim, ainda houve espaço eleitoral para o surgimento de uma nova força parlamentar: o Bloco de Esquerda, que elegeu dois deputados (Francisco Louçã e Luís Fazendas).

10 de outubro de 1999
Partido         Votos           %                       Deputados 
PS:             2385922         (44,06%)                115
PPD/PSD:        1750158         (32,32%)                81
PCP-PEV:        487058          (8,99%)                 17
CDS-PP:         451643          (8,34%)                 15
B.E.:           132333          (2,44%)                 2
PCTP/MRPP:      40006           (0,74%)                 0
MPT:            19938           (0,37%)                 0
PPM:            16522           (0,31%)                 0
PSN:            11488           (0,21%)                 0
P.H.:           7346            (0,14%)                 0
POUS:           4104            (0,08%)                 0
PDA:            438             (0,01%)                 0
Abstenção: 38,91%

2002: O regresso da coligação de direita ao poder

O primeiro-ministro, António Guterres, demitiu-se após a derrota do PS nas autárquicas, para evitar "o pântano" na política portuguesa, abrindo a porta a eleições antecipadas, numa conjuntura em que a economia dava sinais de agravamento, com o aumento da inflação e do desemprego.

Ferro Rodrigues, ministro da Solidariedade de Guerres, sobe à liderança dos socialistas para disputar as eleições. No PSD, Durão Barroso continuava na liderança, e o mesmo acontecia com Paulo Portas no CDS. À direita, as relações entre os dois líderes eram frias e apresentaram-se em separado às eleições.

Nas urnas, os portugueses deram mais votos ao PSD, embora sem maioria absoluta, que formou, nas semanas seguintes, uma coligação com o CDS de Portas, que permitia ter uma maioria absoluta no parlamento.

O PS foi segundo, a menos de três pontos percentuais do PSD, diferença que permitiu Ferro Rodrigues continuar à frente dos socialistas neste período de oposição ao governo da direita.

Entre os partidos à esquerda, a CDU e o PCP, a braços com a crise interna dos "renovadores", perderam votos e deputados e Bloco conseguiu eleger mais um parlamentar.

Este governo PSD-CDS durou cerca de dois anos, mas não resistiu à saída, para presidente da Comissão Europeia, de Durão Barroso. Pedro Santana Lopes sucedeu-lhe, sem ir a eleições, mas o Presidente da República, Jorge Sampaio, pôs fim ao executivo, convocado eleições, num ambiente político tenso. A ponto de motivar manifestações contra (convocadas por SMS) e a favor da manutenção de Santana, em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa.

Oito meses antes, Ferro Rodrigues demitira-se depois de Sampaio ter concordado em dar posse a um executivo chefiado por Santana Lopes, sem resultar de eleições. Sucedeu-lhe José Sócrates, ex-ministro do Ambiente de Guterres.

17 de março de 2002
Partido         Votos           %                       Deputados 
PPD/PSD:        2200765         (40,21%)                105
PS:             2068584         (37,79%)                96
CDS-PP:         477350          (8,72%)                 14
PCP-PEV:        379870          (6,94%)                 12
B.E.:           149966          (2,74%)                 3
PCTP/MRPP:      36193           (0,66%)                 0
MPT:            15540           (0,28%)                 0
PPM:            12398           (0,23%)                 0
PH:             11472           (0,21%)                 0
PNR:            4712            (0,09%)                 0
POUS:           4316            (0,08%)                 0
BE-UDP:         3911            (0,07%)                 0
Abstenção: 38,52%

2005: A primeira maioria absoluta do PS com José Sócrates

Pela primeira vez na história da democracia portuguesa, o PS, liderado por José Sócrates, conseguiu uma maioria absoluta para os socialistas, com 45% dos votos, na ressaca de um período de instabilidade política, desde 2001, primeiro com a demissão de António Guterres, e depois com a queda do Governo PSD/CDS de Pedro Santana Lopes.

Santana, líder do PSD e primeiro-ministro por oito meses, disputou as legislativas, com uma estratégia de vitimização, em que criticou abertamente a opção do Presidente Sampaio pela dissolução de um parlamento com maioria, mas o PPD/PSD, como gostava de chamar ao partido, ficou abaixo dos 30%.

A conjuntura económica dos anos de governação de Durão Barroso, que chegou a queixar-se no parlamento ter recebido o país "de tanga" após os dois executivos de Guterres, não era boa - o défice e a dívida agravavam-se, num ambiente recessivo.

Na campanha, Sócrates fez o elogio da competência e credibilidade do PS, por contraste com Santana, que apelidou de "campeão da instabilidade política".

Com um PS mais hegemónico, o CDS, de Paulo Portas, estabilizou o eleitorado, embora com perdas, em votos e deputados (2).

À esquerda, o PCP tem um novo secretário-geral, Jerónimo de Sousa, e a CDU ganhou dois lugares. E Bloco passou dos três deputados em 2002 para os oito em 2005.

A crise económica de 2008, com a falência da Lehman Brothers, marcou também a primeira legislatura do PS, assim como a recessão, especialmente evidente em 2009.

20 de fevereiro de 2005 
Partido         Votos           %                       Deputados 
PS:             2588312         (45,03%)                121
PPD/PSD:        1653425         (28,77%)                75
PCP-PEV:        433369          (7,54%)                 14
CDS-PP:         416415          (7,24%)                 12
BE:             364971          (6,35%)                 8
PCTP/MRPP:      48186           (0,84%)                 0
PND:            40358           (0,70%)                 0
PH:             17056           (0,30%)                 0
PNR:            9374            (0,16%)                 0
POUS:           5535            (0,10%)                 0
PDA:            1618            (0,03%)                 0
Abstenção: 35,74%

2009: Da maioria absoluta à minoria do PS

José Sócrates e o PS venceram de novo as legislativas, mas perderam a maioria absoluta, conquistada quatro anos antes.

O PSD, que se apresentou às eleições com Manuela Ferreira Leite, ficou a sete pontos percentuais do PS, com CDS e BE a capitalizarem o descontentamento, à direita e à esquerda. A CDU, com Jerónimo de Sousa, deu sinais de estabilização do seu eleitorado, conseguindo eleger mais um deputado do que nas eleições anteriores.

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