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PEDRO MOLEIRO sofre de ESQUIZOFRENIA MUSICAL e escreve sobre ela a partir de segunda feira no site da Antena Livre

13/04/2019 às 00:00
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Pedro Moleiro

Olá, eu sou o Pedro Moleiro, e a partir de segunda feira às 11h00, estreio-me no site da Antena Livre a escrever para si...de 15 em 15 dias...

Segundo a Sociedade Russa de Psicologia, a Esquizofrenia é uma doença mental endógena progressiva, caracterizada pela dissociação entre a realidade e o ilusório, caracterizando-se através de delírios, alucinações auditivas e perturbações formais do pensamento.

Mas o que é que uma rubrica sobre música pode ter a ver com essa madrasta patologia!? – deve ser o que estais a pensar!

Vão ver que vai fazer sentido após lerem as seguintes palavras.

A minha relação entre a música e a rádio é quase umbilical.

Longe vão os tempos em que, bastante petiz, ouvia religiosamente com a minha avó, a saudosa Rádio Tágide (96.7 FM Estéreo – A sua rádio, a sua rádio…). Aí, entre programas míticos como o «677 – Linha Livre» (Discos Pedidos) e os históricos anúncios como «Tipografia Água d’Ouro», «Hora Louis Lacroix», «Restaurante “O Barraqueiro”» e «Móveis André no Pego» - cujas bases sonoras iam desde do Eurodance em «Better Of Alone» de Alice DeeJay, à loucura em «Wuthering Heights» de Kate Bush, passando pelo pimba magôto (como diria o cronista João Miguel Tavares) de Quim Barreiros nos versos «Ai que cheirinho que vem da cozinha…» e acabando nos cantares populares do Rancho Folclórico da Casa do Povo do Pego.

Lembro-me, com muita ternura, a vez em que falei, em directo, com Lurdes Gonçalves para pedir o tema «Parabéns (Hoje é o teu dia)» do Batatoon. Na altura, algures em Novembro de 2001, estava a celebrar o meu sétimo aniversário. Era o Spotify da época…

Mas as minhas influências radiofónicas não se ficam pela Tágide.

Durante anos, o auto-rádio da minha mãe alternava entre o Jogo da Mala da Emissora Católica Portuguesa e o Programa da Manhã da Rádio Comercial – A Rádio Rock (pagava para tê-la de volta), onde Nuno Markl, Pedro Ribeiro e Maria de Vasconcelos animavam as manhãs, sempre com a melhor música.

Dizem que os anos iniciais moldam a vida de um ser humano pois, alterno entre as malhas mais rockeiras e os clássicos mais gloriosos da nossa música.
Aí já se nota alguns traços da patologia anteriormente descrita. Obrigado mãe! =D

De seguida, já a entrar na puberdade, passei por aquela febre de ouvir, sistematicamente, a Cidade FM. Apesar de hoje em dia não me rever naquele estilo, posso dizer que aquela fase não me fez mal nenhum. A estação era bem mais ecléctica do que é hoje, tendo como referências Pedro Marques, Elsa Teixeira, a Verinha Mágica (sim, a Vera Fernandes da Comercial), Miguel Simões, Wilson Honrado ou Joana Azevedo, aos quais agradeço os conhecimentos de Hip-Hop, R&B, Nu Metal e Música de Dança que batia na altura.

Por fim, pouco antes de rumar a lides universitárias, voltei ao meu universo rockeiro que deixara para trás muito petiz, muito por influências dos meus colegas e amigos de secundário. Longas tardes, entre as primeiras cervejas e algumas travessuras, tivemos a ouvir e debater Nirvana, Pearl Jam, SOAD, Foo Fighters, Linkin Park, Evanescense, Soundgarden, Guns N’ Roses, Blind Zero, Faith No More, Oasis, Blur, Alice in Chains, Iron Maiden, Moonspell, Tarantula, Pink Floyd, Godsmack, Limp Bizkit, Slikpnot, entre outras bandas. Éramos um bando de putos parvos e borbulhentos, desfasados do mainstream que vigorava na altura. E felizmente, ainda o sou!

Foi por essa altura que me tornei um fan boy da Antena 3, numa fase em que ainda era «a rádio da primeira vez» e onde conheci os meus gurus da música e comunicação, entre os quais, Fernando Alvim, Ana Galvão, Mónica Mendes, Diogo Beja, Álvaro Costa, Henrique Amaro, Nuno Calado, Luís Oliveira, Pedro Costa, Joana Marques, Raquel Bulha e, mais tarde, Tiago Ribeiro, Inês Lopes Gonçalves e Daniel Belo.

Com eles aprendi que se pode falar de assuntos sérios, de música ou de algumas trivialidades, sem usar aquele tom sério e carrancudo, mas também sem se cair na estupidez de tratar o seu auditório com expressões bacocas como «Como é que é, meu puto!». Sobretudo, tiraram-me do tédio muitas das vezes e enriqueceram-me culturalmente. Com eles aprendi que há muito mais mundo para lá do que é comumente audível e que, como diria o lobo António Sérgio, tem que haver o «direito à diferença».

Por fim, todas estas condicionantes patológicas aprimoraram-se quando fui estudar para uma «Nova Lisboa» multicultural, onde em 4 anos, passou de uma capital semi-deserta, para um dos principais centros turísticos da Europa, onde convivi com gente com muito mais mundo, de várias latitudes e com outras perspectivas de vida…

Com tudo isto, ainda não estão convencidos da minha patologia?

Até segunda, às 11h00 para a primeira edição...e depois...de 15 em 15 dias, para ler em www.antenalivre.pt

Pedro Moleiro