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Música

As «muitas linguagens» da música portuguesa representadas no Festival da Canção

16/01/2020 às 00:00
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A edição deste ano do Festival da Canção apresenta uma lista de candidatos “diversificada”, que demonstra as “muitas linguagens, muitos territórios e muitas gerações” da música portuguesa, incluindo António Avelar de Pinho, Jimmy P e Blasted Mechanism.

Os nomes dos interpretes dos 16 temas que irão disputar este ano o Festival da Canção, em duas semifinais em fevereiro, foram hoje apresentados numa conferência de imprensa, nas instalações da RTP, em Lisboa, na qual se ficou também a saber que a final, em março, irá decorrer em Elvas.

Gonçalo Madaíl, da direção de programas da estação pública, destacou a “lista diversificada” de candidatos, que “mostra que a música portuguesa tem muitas linguagens, muitos territórios e muitas gerações”.

Um dos representantes das gerações mais antigas é António Avelar de Pinho, 72 anos, autor do tema “Dói-me o país”, que será interpretado por Luiz Caracol e Gus Liberdade, já participou várias vezes no concurso, tendo sido responsável pela canção vencedora em 1981 (“Bem bom”, interpretada pelas Doce).

O convite da RTP, para participar este ano, “foi estranho” para António Avelar de Pinho, que nesta altura “não pensava andar já metido nisto de festivais”.

O compositor e produtor está no Festival da Canção “para dizer que a música portuguesa está viva, que o país tem algumas doenças, como todos os países, mas só se pode dizer que ‘me dói o país’ se o país for algo de que se goste muito”, contou à Lusa.

António Avelar de Pinho é apenas um dos “artistas com carreiras firmadas” que participam na edição deste ano, como Gonçalo Madaíl fez questão de sublinhar.

Rui Pregal da Cunha, o vocalista dos Heróis do Mar, banda que fez sucesso na década de 1980, não teve dúvidas quando foi convidado: “é claro que ia entrar, primeiro nunca tinha feito e gosto imenso de fazer coisas que nunca fiz”.

Além disso, o cantor considera que “hoje em dia o festival tem um ‘cachet’ completamente diferente daquele que depois passou a ter há uns anos” e com o qual talvez não se “identificasse de todo”.

Para criar “Agora”, tema que será interpretado pela dupla JJaZZ, que inclui Zeca, filho do cantor, Rui Pregal da Cunha inspirou-se na cantora Rita Redshoes, “na maneira como ela se preocupava com a filha”.

Com menos anos de carreira, mas já a passar a marca das duas décadas e meia, para os Blasted Mechanism o convite da RTP foi, primeiro, “uma supresa”.

“No entanto, hoje em dia o festival tem um posicionamento diferente e [o convite] nasce também talvez pela história, [pelos] 25 anos de carreira”, referiu Valdjiu, um dos elementos do grupo.

“Rebellion”, que será interpretado pelos próprios Blasted Mechanism, é “um tributo ao movimento Extinction Rebellion, que está a alertar o ser humano para uma catástrofe ecológica”.

“Aproveitamos esta oportunidade de tocar para o ‘mainstream’ para também tocar na ferida”, referiu o músico, desvendado que o tema se enquadra no som da banda.

Trata-se de uma música com “uma parte mais calma e uma parte mais ‘power’, mais pesada”, que em palco será apresentada ao estilo da banda: “vamos fazer uma apresentação nossa, vestidos com os nossos fatos e aproveitar para apresentar o novo vocalista, Ricardo Lobo, Rick Wolf”.

Entre os compositores convidados deste ano estão também os Throes + The Shine, que misturam rock com kuduro, e que irão interpretar o tema que criaram, “Movimento”.

“Tentámos manter-nos fieis ao que nós somos, que tanto poderia encaixar no Festival da Canção como poderia encaixar num disco nosso, mantermos a nossa energia e a nossa identidade, acima de tudo”, contou Marco Castro.

Também Jimmy P quis manter-se fiel ao tipo de música que cria profissionalmente há dez anos: o rap.

“O convite a mim, do que percebi foi trazer um bocado de música urbana ao festival, creio que a organização queria algo representativo do género que pratico, que é o rap”, referiu.

Lembrando que não é o primeiro ‘rapper’ a participar no Festival da Canção – no ano passado NBC apresentou-se com “Igual a ti” -, Jimmy P salienta ser o primeiro a apresentar “um rap do principio ao fim e não um tema mais cantado”: “Abensonhado”, que será interpretado por ele.

Os temas dos Blasted Mechanism, Rui Pregal da Cunha e Throes + The Shine, disputam a primeira semifinal, marcada para 22 de fevereiro.

Nesse dia, são apresentados também os temas “Gerebera amarela do Sul”, composto e interpretado por Filipe Sambado, “O dia de amanhã”, composto por João Cabrita e interpretado por Ian Mucznik, “Medo de Sentir”, composto por Marta Carvalho e interpretado por Elisa, “Copo de gin”, composto e interpretado pelos Meera, e “Passe-Partout”, composto por Tiago Nacarato e interpretado por Bárbara Tinoco.

Os temas de António Avelar de Pinho e Jimmy P competem na segunda semifinal, a 29 de fevereiro.

Além destes dois temas, são apresentados nesse dia “Quero-te abraçar”, composto e interpretado por Cláudio Frank, “Diz só”, composto por Dino D’Santiago e interpretado por Kady, “Cegueira”, composto e interpretado por Dubio e +351, “Cubismo enviesado”, composto por Hélio Morais e interpretado por Judas, “Não voltes mais”, composto e interpretado por Elisa Rodrigues, e “Mais real que o amor”, composto por Pedro Jóia e interpretado por Tomás Luzia.

Doa 16 compositores participantes, 14 foram convidados pela RTP e os outros dois escolhidos através de dois concursos: Cláudio Frank via o programa Masterclass da Antena 1, aberto a quem não tenha até aqui música editada, e Dubio feat. +351 “através de um concurso de livre submissão pública”.

Os temas a concurso já estão todos disponíveis no canal de Youtube do Festival da Canção.