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Especial Empresas: Sarpneus - De Alferrarede a Sardoal

21/03/2019 às 00:00
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A Sarpneus - Comércio de pneus, Lda, está implantada junto à Estrada Nacional 2, na Zona Industrial de Sardoal. Mas a história desta empresa começa antes, num local e num concelho ao lado.

Começou a trabalhar aos 16 anos, na recauchutagem que o pai, Joaquim Bento, tinha na Rua da Estação, em Alferrarede. “Na altura, o meu pai tinha um sócio e quando eu vim da tropa, comprei a parte do sócio e fiquei a trabalhar com o meu pai. Mas foi durante pouco tempo, uns três ou quatro anos, porque o meu pai já tinha 60 e tal anos”, começa por nos recordar David Bento, de 65 anos, proprietário da Sarpneus.

Da recauchutagem à venda de pneus, “foi logo a seguir. Deixou de compensar fazer esse serviço e enviávamos para as recauchutagens grandes pois era muito trabalho para se ganhar pouco dinheiro”, diz David Bento com humor. Mas nem tudo foi fácil... “Na Rua da Estação estive muitos anos. Estive até que as instalações arderam, já nem sei em que ano mas já foi há 18 ou 19 anos. Atiraram lume lá para dentro e aquilo ardeu tudo”, conta. - E tinha seguro? “Havia um segurozeco, ainda recebi qualquer coisa mas não chegou nem para metade”, desabafa David Bento.

Não desistiu, permaneceu em Alferrarede, “no Largo do Cinema, mas tive que comprar máquinas novas, pneus novos para vender... O importante é que venci e, ao fim de oito dias de aquilo ter ardido, já eu estava a trabalhar”. E por lá se manteve mais uns anos “até pensar fazer isto aqui porque lá o espaço não era muito e já precisava de outras condições”.

Natural de Alcaravela, optou pela Zona Industrial de Sardoal “primeiro porque os terrenos eram mais baratos do que na Zona Industrial de Abrantes, em segundo, porque era no meu concelho e, em terceiro, devido à localização”. No entanto, confessa que “tive um bocado de medo no princípio mas, felizmente, tem corrido menos mal”.

Em Sardoal, a Sarpneus já conta com “p'raí 15 anos mas, no início, eu vim para aqui e o meu filho continuou em Alferrarede” ainda por uns tempos. E Sardoal continua a ser uma aposta ganha. “Alguns clientes vêm de longe mas a maior parte é da região porque ficamos aqui no centro. Está perto de Vila de Rei, Abrantes, Mação, Mouriscas, Fontes...”

Para além da venda de pneus, a Sarpneus “também faz alinhamentos de direção, faz algumas reparações, muda óleos, pastilhas, vende baterias mas na área da mecânica não temos muito porque também não temos tempo”.

Quanto aos pneus que vende, “é tudo importado. É que em Portugal só há a fábrica da Continental, que faz Continental e Mabor mas esses pneus não se vendem cá. Esses vão para fora e os de lá vêm para cá. Não sei porquê mas é à boa moda portuguesa”, diz David Bento, rindo.

Como em todos os negócios, “há dias bons e dias menos bons” mas “há sempre movimento”. Devido à localização da empresa, junto a um Centro de Inspeção Automóvel, a máquina de “alinhamento de direção está praticamente todo o dia a trabalhar”. E esse foi um investimento recente pois também é preciso estar atento às novas tecnologias. “Ainda há dias comprei uma máquina de alinhar que me custou 40 e tal mil euros mas também não há nenhuma melhor do que aquela. Faz um trabalho rápido e bem”.

Na Sarpneus são sete trabalhadores “a contar comigo mas eu já não faço nada”, afirma, bem-disposto. - Então são seis mais um?, questionamos. E ouve-se uma sonora gargalhada: “É isso mesmo, seis mais um”.

Contudo, esta não vai deixar de ser uma empresa familiar pois a filha Andreia, o filho Tiago e o genro Carlos já gerem o dia-a-dia da Sarpneus. “Será para continuarem se eles quiserem e conseguirem”.

Os restantes funcionários, dois são do concelho de Abrantes e um de Sardoal e “são suficientes, ou melhor, uns dias chegam e outros não chegam mas nesses dias têm que trabalhar mais depressa e os clientes têm que esperar um bocadinho”.

A Sarpneus tem um volume de faturação de cerca de 1ME mas, como acontece quase em todo o lado, “o livro dos calotes também existe”. “Principalmente nos camiões é um problema muito grave. Não pagam, depois abrem falência e nunca mais sabemos deles. Esquecem-se que nós temos que pagar esses pneus”.

No entanto, as portas da Sarpneus continuam abertas e David Bento sempre vai aparecendo por lá para “deitar o olho”.

Patrícia Seixas