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Cultura

Morreu o ator António Cordeiro, que a televisão revelou como detetive Claxon

31/01/2021 às 00:40
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(DR)

O ator António Cordeiro morreu no sábado, em Lisboa, aos 61 anos, informou a Academia Portuguesa de Cinema.

"É com tristeza que informamos que nos deixou hoje o Ator António Cordeiro", escreveu a academia na sua página no Facebook, recordando prestações do ator no cinema e na televisão, ao longo de mais de 30 anos.

Revelado num papel secundário na série "Duarte & C.ª", em 1987, foi no entanto como protagonista da série policial "Claxon", da RTP, estreada em 1991, que se tornou conhecido do grande público.

António Cordeiro trabalhou também no teatro e no cinema, nomeadamente nos filmes de João Mário Grilo "O Processo do Rei" (1990), "Os Olhos da Ásia" (1996) e "Duas Mulheres" (2009).

Mais recentemente, fez "Índice Médio de Felicidade"(2017), de Joaquim Leitão, e "Um Gato, Um Chinês e o Meu Pai" (2019), de Paco R. Baños, depois de ter entrado em "Milagre de Lourdes" (2011), de Jean Sagols, e nas curta-metragens "Livre de Receitas" (2011), de Marco Carvalho e Bárbara Villadelprat, "Uma Questão de Gostos" (2011), de André Santos Luís e Miguel Lopes Rodrigues, e "Quando o Sol Toca na Lua" (2001), de Pedro Palma.

Formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, o seu trabalho no teatro foi regular desde os anos de 1980, com companhias como a Cassefaz e a Persona - Teatro de Comédia, grupo de que foi fundador e com quem fez "O circo dos desenganos", sobre textos de Miguel Rovisco, e "Auto da Índia e d'outras andanças", a partir de Gil Vicente.

Na década de 1990, o seu trabalho nos palcos passa sobretudo por companhias de Lisboa, como a Escola de Mulheres e o Teatro Aberto, com quem interpretou autores como Henrik Ibsen, Bertolt Brecht e Botho Strauss.

Desse período destacam-se os desempenhos em "Danças a um deus pagão", de Brian Friel, e "Sétimo céu", de Caryl Churchill, como ator convidado da Escola de Mulheres - Oficina de Teatro.

A colaboração com o Novo Grupo - Teatro Aberto estende-se pelos anos 2000, em peças como "Top dogs", de Urs Widmer, "Lucefécit", de Conor McPherson, "A última batalha", de Fernando Augusto, "A Visita", de Eric-Emmanuel Schmitt, "Peer Gynt", de Ibsen, "Demónios menores", de Bruce Graham, "O bobo e a sua mulher esta noite na Pancomédia", de Botho Strauss, e "Homem branco, homem negro", de Jaime Rocha.

No Teatro Aberto interpretou ainda duas peças de Brecht: "Galileu" e "A ópera de 3 vinténs", com a música de Hanns Eisler e Kurt Weill.

A antiga Companhia Teatral do Chiado contou com António Cordeiro para "Hedda Gabler", de Ibsen.

No Teatro Nacional D. Maria II, fez "Cenas de uma tarde de Verão", Jorge Guimarães, com encenação de Antonio Rama, e "Harper Regan", de Simon Stephens, com Ana Nave.

Em 2004, entrou em "Portugal - uma comédia musical", de Nuno Artur Silva e Nuno Costa Santos, com encenação de António Feio, que esteve em cena, no Teatro São Luiz, em Lisboa.

Como encenador, António Cordeiro dirigiu "Perdi a mão em Spokane", de Martin McDonagh, que pôs em cena no Teatro Villaret, em 2012.

Foi porém o trabalho na televisão que o aproximou do grande público.

Na RTP, entrou em séries de ficção, comédias e telenovelas como "Desencontros" (1994), "Filhos do Vento" (1996), "Major Alveja" (1998) e "O Processo dos Távoras" (2001), "A Minha Sogra é uma Bruxa", "Segredo" (2004), "Memórias de Bocage" (2006), "Triângulo Jota" (2006), "Liberdade 21" (2008/2009), "Cidade Despida" (2010), "Depois do Adeus" (2013).

"Morangos com Açúcar" (2006), "Inspetor Max" (2005), "Ilha dos Amores" (2007), "Bons Vizinhos" (2001) são algumas das produções da TVI em que entrou.

Na SIC, fez as telenovelas "Perfeito Coração" (2009), "Laços de Sangue" (2010), "Coração d'Ouro" (2016), "Mar Salgado" (2014/15) e "Espelho d'Água", (2017/18), que estão entre os seus últimos trabalhos.

Entrou ainda, como convidado, em produções televisivas como "Bem-vindos a Beirais", "Mulheres de Abril", "Mata Hari", "Pai à Força". Fez também parte dos elencos dos telefilmes "Jogos Cruéis" e O Segredo de Miguel Zuzarte".

António Cordeiro sofria de paralisia supranuclear progressiva, uma doença rara, degenerativa, e encontrava-se afastado da atividade.

Lusa