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“Transporte Flexível” junta pessoas de todo o país em Sardoal

5/10/2018 às 00:00
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O Centro Cultural Gil Vicente, em Sardoal, recebeu esta quinta-feira, dia 4 de outubro, a conferência “Transporte Flexível – Solução de Mobilidade”, promovida pela “Transportes em Revista” e com o apoio do Município de Sardoal.

A iniciativa reuniu um conjunto de personalidades do setor, nomeadamente o diretor da “Transportes em Revista”, José Monteiro Limão, e o presidente da Câmara Municipal de Sardoal, Miguel Borges.

Com a realização do seminário, a organização pretendeu discutir o papel que o transporte flexível tem nos sistemas de transportes, particularmente nas zonas de baixa densidade populacional.

Questionado pela Antena Livre sobre a escolha do concelho sardoalense para acolher a ação, José Monteiro Limão salientou que “Sardoal está numa região onde existe o exemplo mais conseguido ou com maior dimensão daquilo que se chama Transporte Flexível”, referindo-se ao Transporte a Pedido implementado em Sardoal desde maio de 2014.

Sobre o conceito geral do que é o Transporte Flexível, o diretor da Revista começou por explicar que se trata de um “sistema de transporte alternativo aquilo que são as carreiras regulares” e que deve ser adequado às zonas de baixa densidade populacional.

José Monteiro Limão, diretor da Revista 

“O Transporte Flexível é o mais adequado para este tipo de territórios como Sardoal, Mação ou Vila de Rei e tantos outros. É um transporte feito à medida da necessidade do consumidor. Porque se o cidadão que vive em Lisboa e Porto tem várias possibilidades de se deslocar através do comboio, metros, autocarro, taxi, uber, de bicicleta ou a pé, já o cidadão de Sardoal já não tem essa possibilidade, pois muitas vezes só tem o autocarro das 7h da manhã que regressa às 19h da tarde”, exemplificou o diretor.

Considerado um projeto pioneiro em Portugal, implementado pela Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIM), o Transporte a Pedido foi referência na ação.  “O modelo do Transporte a Pedido, onde o cidadão telefona e marca o seu transporte e na hora marcada está lá, (…) torna a oferta de transporte muito mais rica e dá muito mais escolha para que o cidadão se possa deslocar”, afirmou José Limão.  

O responsável lembrou que o tema do Transporte Flexível “está sempre inserido no âmbito dos concursos que as Comunidades Intermunicipais terão de fazer e colocar a terreiro para a prestação de serviço de transporte de passageiros”. Salientou ainda que “a nova rede de transportes que as Comunidades Intermunicipais estão a desenhar não deve incorporar apenas um modelo de transporte flexível, como por exemplo “o porta a porta”, poderão haver outras soluções de transporte flexíveis que se adaptem melhor a determinadas características do território”.

Claramente satisfeito pelo facto de ter sido Sardoal a acolher o evento, que reuniu um conjunto de personalidades do setor dos “Transportes”, Miguel Borges começou por salientar o faco do Centro Cultural Gil Vicente ser uma “casa nobre, com excelentes condições e preparada para receber gente de todo o lado, como é o caso”.

O presidente referiu que a sessão assumiu grande importância na medida em que “há grandes alterações legislativas em relação aos transportes”. E exemplificou: “Os transportes públicos estavam na posse de determinadas empresas, neste momento há um estudo que está a ser feito nas Comunidades Intermunicipais para que os transportes sejam feitos também por estas entidades por isso há uma mudança de paradigma”.

“Nós temos um bom exemplo, no caso da CIM do Médio Tejo, com o Transporte a Pedido, onde o Sardoal foi dos municípios pioneiros. O primeiro foi Mação e depois Sardoal, mas é preciso dizer que Sardoal tem tido grandes resultados porque os sardoalenses têm utilizado este tipo de transporte flexível”, acrescentou.

Questionado sobre o que ainda falta para que a mobilidade das pessoas da região corra bem e corresponda às necessidades vigentes, Miguel Borges disse que em alguns casos “falta alguma intermunicipalidade que nem sempre é feita e analisada (...) Dou o exemplo do Centro Hospitalar do Médio Tejo, que está dividido em três hospitais. E pergunto: será que a resposta de transportes pelos três hospitais corresponde àquilo que precisamos? Aqui a intermunicipalidade é muito importante porque estamos a falar de saúde. É uma reflexão importante a ser feita”, considerou.

Miguel Borges, presidente da CM de Sardoal 

O autarca recordou que ao longo dos tempos o país “criou um conjunto enorme de boas acessibilidades, mas temos mentalidades muito agarradas aos hábitos antigos onde ainda se mede muito a distância por quilómetros e não por tempo, sendo certo que há 30 anos atrás ir a Lisboa demorava quatro horas, hoje estamos a falar dos mesmos quilómetros que se podem realizar em uma hora e meia. Por isso, há uma mentalidade que também tem de mudar nesta matéria”.

Por último, o presidente referiu que é preciso desmistificar o que é o interior do país. “Há dois anos tivemos aqui um grande acontecimento com a Companhia Nacional de Bailado e a preocupação dos responsáveis do grupo foi telefonar para a Câmara Municipal e perceber se as acessibilidades eram boas para ver se não haviam problemas com os artistas. Ora quem faz uma pergunta destas, não conhece o interior e tem uma ideia muito errada do que é”.

Refira-se que entre as personalidades convidadas, o Secretário de Estado Adjunto do Ambiente, José Gomes Mendes, iria marcar presença na sessão de encerramento, no entanto por motivos de agenda não esteve presente.

“Transportes em Revista", organizadora da sessão que decorreu em Sardoal, é dedicada aos temas do transporte de pessoas e mobilidade de bens que está no online e tem versão impressa. A revista, mensal, coloca 10 mil exemplares na rua, é gratuita e foi a primeira revista a lançar uma newsletter semanal.