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Sardoal: Igreja Matriz precisa de obras urgentes

22/04/2019 às 00:00
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A Semana Santa de Sardoal foi inaugurada na quinta-feira, dia 18 de abril, com a presença de Pedro Machado, presidente da Turismo Centro. Na ocasião, e durante a visita realizada às igrejas e capelas da vila, o responsável ouviu as preocupações dos autarcas e padres do concelho relativas ao elevado estado de degradação da Igreja Matriz.

Os problemas dizem respeito à cobertura do edifício, que apresenta já sinais de grande debilidade, o que já resultou na queda de uma pequena parte do teto e um conjunto de infiltrações que se estão a espalhar por todo o espaço, entre outras debilidades. 

Em declarações à Antena Livre, Miguel Borges, presidente da Câmara Municipal de Sardoal, referiu que é preciso sensibilizar os governantes para o património existente, “no âmbito da fé e da religiosidade, o património das igrejas, que precisa de apoio e precisa de financiamento para ser recuperado”.

O autarca reconheceu que “a responsabilidade é de todos nós,  não é só dos detentores daquele património, mas também dos decisores políticos, que por exemplo, são eles que decidem quais são as linhas de financiamento no âmbito deste quadro comunitário”.

Miguel Borges disse ter “alguma dificuldade em convencer os decisores políticos da importância da recuperação da Igreja da Matriz ou da Igreja da Misericórdia”.

“Há aqui uma história, uma cultura, um património, que apesar de estar nas mãos da Igreja ou nas mãos da Santa Casa da ­­­­­­­­­­Misericórdia, é um património de interesse de todos nós”, vincou.

Miguel Borges explicou ainda que a Fábrica da Igreja Paroquial da Igreja Matriz de Sardoal já realizou uma candidatura ao Programa Valorizar – Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior - para a recuperação da Igreja Matriz, contudo o Turismo de Portugal, que é a entidade tutelada para decidir, não considerou aquele espaço como património de “interesse turístico”.

Na ocasião, Pedro Machado verificou a degradação da igreja junto dos responsáveis locais. 

Também na ocasião, Carlos Almeida e Francisco Valente, padres no concelho, manifestaram a sua preocupação.

“Temos o dever espiritual e o dever de preservar e de levar [esta igreja] a outras gerações conforme nos entregaram (…) ou se olha para esta Capela-mor agora, ou poderá um dia destes, e não tão longe como se possa prever, acontecer aqui uma desgraça”, fez notar Carlos Almeida.

Já Francisco Valente referiu que já foi manifestado “o interesse da diocese em candidatar esta Igreja a Monumento Nacional. Para iniciarmos esta candidatura, temos feito um trabalho na nossa diocese que pensamos ser suficiente para que isso aconteça. Esta é mais uma razão para olharmos para este monumento, não só para o edifício, mas para o seu património, que é muito importante e interessante para a região, para a diocese e para o país”.

Quando questionado pela Antena Livre sobre o assunto, Pedro Machado, presidente da Turismo Centro, salientou que “o problema da recuperação e da qualificação do património religioso ou cultural é uma preocupação nossa, atendendo a que hoje percebemos que muita da visitação que é feita na região centro em Portugal está associada ao turismo cultural e patrimonial”

“Se queremos promover e fomentar a atratividade turística para um turismo que é cultural e patrimonial, e não tratamos bem os nossos patrimónios, alguma coisa não está bem”, vincou Pedro Machado, tendo referido que a Turismo Centro tem sido “porta voz para que estes patrimónios possam ser recuperados. Se não, caímos no erro de aumentarmos a produção, fazemos a internacionalização e, depois, quando as pessoas chegam correm o risco de vir ver o património fechado porque ele não está recuperado”.

“Infelizmente, não é uma responsabilidade nossa, gostaríamos muito que o fosse. Eu gostava muito que fosse, honestamente que gostava, mas junto do senhor Secretário de Estado da Administração Local, junto da senhora Secretária de Estado do Turismo, tudo faremos para que de facto isto possa acontecer”, afirmou.

Sobre o facto da Igreja Matriz não ter sido considera património de “interesse turístico”, o responsável disse que poderá ter sido uma situação “circunstancial, tem a ver ou com dificuldades orçamentais, ou com o volume das candidaturas”.

“Acredito que não se trata de uma não aprovação fundamentada, porque não se reconhece este património com o valor suficiente(...) mas, confio plenamente e acredito que ainda  vamos a tempo”, rematou.

Na informação do Município de Sardoal é possível ler-se que Igreja Matriz dispõe de “valiosos elementos patrimoniais” que continuam “entregues ao infortúnio, por falta de obras de reforço estrutural da igreja, nomeadamente nas coberturas e o restauro de recheio artístico integrado, concretamente no retábulo da Capela-mor”.

Mais avança que “no vasto recheio artístico”, podem-se apreciar: “ as tábuas do Mestre de Sardoal, o soberbo retábulo de talha dourada barroco joanino, o retábulo da capela-mor, a imagem da Imaculada Conceição ou os patronos da Igreja (S. Tiago e S. Mateus) expostos em duas mísulas”. No interior da igreja é ainda possível ver-se “ os painéis de azulejaria (1701) de Gabriel Del Barco, importante azulejador espanhol e pintor de tetos da época barroca” e “uma antiga imagem da Igreja Matriz, uma Pietà de pedra, policroma, dos finais do séc. XIV ou um órgão de tubos, possivelmente do séc. XVIII”.

 As tábuas do Mestre de Sardoal

Capela-mor