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Sardoal: Presidente da Câmara critica postura do PS nas redes sociais

6/06/2019 às 00:00
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Foi aprovada por unanimidade na quarta-feira, em reunião do executivo do Sardoal, a abertura de todas as reuniões de Câmara à população.

Com esta alteração ao Regimento de Funcionamento das Reuniões de Câmara pretende-se, diz o presidente do município, Miguel Borges, adotar uma “prática diferente de chamar as pessoas” e “criar espaço para aquilo que elas dizem muitas vezes nas redes sociais possam vir dizer aqui nas Reuniões de Câmara”.

Miguel Borges adianta que até ao momento, na reunião de Câmara mensal aberta à população, a pessoa tinha de “dizer de véspera o que queria e inscrever-se para poder participar” e se se esquecesse só poderia voltar a participar passado um mês, situação que, segundo Miguel Borges “não facilita a aproximação entre eleitos e eleitores”. Para o presidente, “não basta dizer que as pessoas não têm uma participação ativa no âmbito da cidadania, temos nós que criar também esses momentos”.

Nesse sentido, defende que aquilo que o município quer é “que as pessoas venham, apresentem as suas questões, em todas as reuniões de Câmara, a pessoa não precisa de o dizer antecipadamente, só precisa de, no período de intervenção do público, que é no fim da reunião, identificar-se, deixar os seus contactos, dizer ao quê é que vem, apresente as suas situações e se eu ou algum dos vereadores presentes conseguirmos dar resposta imediata à pessoa fá-lo-emos na hora. Senão, iremos enviar a resposta ao que for solicitado pela pessoa futuramente. Acho que é muito importante”.

Apesar das reuniões de Câmara se realizarem às 15 horas, Miguel Borges explica que, apesar de a hora não ser a ideal, já houve situações em que as reuniões mensais abertas ao público e não tiveram adesão. Conclui, portanto, que “as pessoas têm que se predispor a isto, têm que vir, têm que participar e que não seja por falta de iniciativa nossa”.

POLÍCIA JUDICIÁRIA FEZ BUSCAS NO EDIFÍCIO DA CÂMARA MUNICIPAL

Relativamente às buscas da Polícia Judiciária no edifício da Câmara Municipal, que aconteceram na terça-feira, dia 4, Miguel Borges adiantou que os “inspetores quiseram ter acesso ao local de trabalho do funcionário” sob investigação por alegado uso indevido de um computador, tendo sido “acompanhados pelos nossos técnicos de informática”. O presidente garante ainda que se trata de uma “questão pessoal que não tem absolutamente nada a ver com a Câmara Municipal”.

O vereador Pedro Duque questionou se a mudança do encarregado pessoal está relacionado com alterações de serviços ou com as diligências da PJ, ao que Miguel Borges esclareceu que “não houve alterações estruturais em termos de recursos humanos. Existe uma gestão de recursos humanos que é apenas competência do presidente de Câmara” e que “ao longo deste mandato temos feito alterações de acordo com a eficácia dos serviços municipais”.

PRESIDENTE DE CÂMARA CRITICA POSTURA DO PARTIDO SOCIALISTA NAS REDES SOCIAIS

Antes da entrada na Ordem de Trabalhos da Reunião, o vereador socialista Pedro Duque questionou o presidente do município sobre as declarações feitas numa entrevista à Antena Livre – que pode ouvir aqui – relativamente ao desemprego no concelho. Pedro Duque disse que aquilo que foi proferido por Miguel Borges foi que “o desemprego no Sardoal, numa forma genérica, eram pessoas que não queriam trabalhar”.

O vereador classificou as declarações do presidente como “deselegantes e não ajustáveis à realidade do Sardoal”, transportadoras de uma “publicidade negativa para com o mercado de trabalho no Sardoal para eventuais investidores”.

Em resposta, Miguel Borges defendeu que “há alguns desempregados que preferem manter esta situação do que propriamente procurar trabalho, por isso, neste momento, na nossa região, eu posso achar, daquilo que ouço dos empresários, é que não há falta de postos de trabalho mas falta de gente para ocupar estes postos de trabalho”. Miguel Borges acrescentou que “tudo o que vá para além do que eu disse, e que está gravado, é uma interpretação abusiva das minhas palavras”.

“Há muita gente no Sardoal, alguns desempregados que querem e que procuram trabalhar, mas no Sardoal e no país há alguns desempregados que preferem ir mantendo a situação de desemprego, enquanto estiverem a receber rendimento social de inserção, preferem manter a situação: é a realidade do Sardoal e do país. Agora, em lado algum eu disse que os desempregados do Sardoal tinham essas características. Não. Há alguns que preferem manter essa situação, é legítimo, cada um tem o seu direito”.

Em declarações à Antena Livre, Miguel Borges acrescenta que “o problema é que eu digo uma coisa na entrevista e o Partido Socialista vai pôr no seu facebook uma interpretação abusiva daquilo que eu disse. Eu nunca em lado nenhum disse que os desempregados no Sardoal não queriam trabalhar. O que eu disse foi que há alguns desempregados que preferem manter esta situação. Alguns. Para os outros haverá postos de trabalho”.

Também o vereador Carlos Duarte, do PS, fez uma questão relativa aos postos de trabalho criados pela empresa que se vai instalar no antigo espaço de funcionamento da Sarplás. Em causa estava a quantidade de ocupação de postos de trabalho na empresa por sardoalenses. Miguel Borges esclareceu que “a empresa é privada, nós não temos nada a ver com isso”.

Após estes momentos, o presidente do executivo leu uma declaração política onde critica a postura do Partido Socialista nas redes sociais.

Na declaração, o presidente diz que “a criação de perfis falsos, procurando assim encobrir a falta de coragem que alguns têm, a ilegitimidade de abordarem determinados temas, ou o facto de terem, como diz o povo “telhados de vidro”, tem provocado a utilização cobarde destes meios numa tentativa de denegrir a minha imagem, o meu caracter e o de todos os que comigo estão”.

Acrescenta que, “não quero de modo algum estabelecer qualquer tipo de relação entre o anteriormente dito e os eleitos locais da oposição, mais concretamente o Partido Socialista. No entanto, não posso deixar de afirmar que ultimamente a postura do PS nas redes sociais, em nada contribui para o bom ambiente político. Recentemente fui brindado com uma interpretação abusiva, que nada tem a ver com as minhas palavras. Refiro-me à instalação de uma nova empresa nas antigas instalações da Sarplás. Naquilo que, em algum Concelho seria motivo de júbilo, ou o é quando se passa noutros Concelhos, o PS viu uma janela de oportunidade para colocar os sardoalenses contra mim, repito, através da interpretação abusiva das minhas palavras, com uma enorme falta de ética e de cultura democrática. O que eu disse, repito-o sem problema algum, comprovadamente”.

Miguel Borges diz ainda que “é lamentável ver eleitos locais do PS tecerem comentários que revelam uma grande ignorância e enorme impreparação para desempenharem cargos para os quais foram eleitos”.

Na declaração política, o presidente do município critica ainda a postura dos vereadores socialistas por usarem as redes sociais para falar de negociações com a nova empresa que se vai instalar na antiga Sarplás, bem como a partilha de declarações de voto e políticas. 

AINDA NA REUNIÃO DE CÂMARA

Ainda na reunião de Câmara, o presidente do município saudou os sardoalenses que conseguiram “um dos níveis mais baixos de abstenção no país”, no âmbito da votação para as eleições para o Parlamento Europeu, a 26 de maio. No entanto, realçou que o nível de abstenção ficou pelos 51% e que o aumento de abstenção “não é nada agradável nem saudável para a democracia”. Espera que o país “se identifique mais com a Europa do que o espaço confinado ao território nacional”, uma vez que “estamos cada vez mais dependentes da Europa, que se quer coesa”.

A mesma posição foi defendida por Pedro Duque (PS), que disse que “as pessoas alhearam-se destas eleições para mostrar um cartão amarelo. Deixaram de ir em consciência porque o que se passou na campanha eleitoral foi tudo menos esclarecedor”.

Já o vereador do PSD Pedro Rosa deu conta de que a Biblioteca Municipal foi uma das onze bibliotecas convidadas a nível nacional para participar na iniciativa “Juntos de Férias” que pretende promover a leitura, com uma componente lúdica e recreativa, através da qual os jovens podem descarregar jogos e ter prémios caso cumpram desafios com sucesso. Nesse sentido, estão seis livros disponíveis na biblioteca para leitura por parte dos jovens.

Em declarações à Antena Livre após a reunião, Miguel Borges deu ainda conta de que o Gabinete de Inserção Profissional (que existe há cerca de quatro anos e faz reuniões periódicas com desempregados, encaminhando-os para formação) vai deixar de funcionar como funcionou até aqui, uma vez que o protocolo assinado entre o então Ministério do Emprego e da Solidariedade e o município, no âmbito do IEFP, terminou e que o Ministério considera “não se justificar a permanência todos os dias”. Miguel Borges diz ser importante “ter pelo menos uma vez por semana”.

 

Texto: Ana Rita Cristóvão

Imagem: Carolina Ferreira