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Abrantes: Tectania adiada por mais um ano

14/05/2019 às 00:00
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É mais uma pedra na engrenagem...

Um processo conturbado que tem levantado muitas questões por parte da oposição e que esta terça-feira conheceu mais um adiamento. Trata-se da empresa Tectania, Tecnologia Automóvel, que se pretende instalar na Zona Industrial de Abrantes – zona sul.

Em reunião do Executivo, realizada esta terça-feira, 14 de maio, a Câmara Municipal de Abrantes aprovou, por unanimidade, “a prorrogação por um ano do prazo de assinatura do contrato de compra e venda e para submeter o projeto das instalações a controlo urbanístico, ou seja, 15 de maio de 2020, de acordo com o requerido pela empresa Tectania – Tecnologia Automóvel, Lda”.

“Estamos a falar da instalação de uma empresa que está com algumas dificuldades com a desvalorização do dinheiro no Brasil e também com dificuldades em negociar com uma outra empresa que está instalada em Portugal ao nível das motos e dos motores”, começou por explicar o presidente da Câmara Municipal de Abrantes.

Manuel Jorge Valamatos considera que “a argumentação é, para nós, válida” e que “não é a primeira vez que as empresas pedem mais algum tempo para a sua instalação”, afirmando que, “neste momento, não tínhamos outra forma de abordar este assunto que não fosse permitir e aprovar esta prorrogação por mais um ano”.

O autarca reforçou que o Executivo tem “a consciência de que é uma empresa muito robusta, com uma dimensão enorme e não é uma empresa que se possa instalar de um dia para o outro. O grau de complexidade, em função da dimensão da empresa, leva-nos a acreditar e a ter confiança”. No entanto, reconhece que este processo “não depende diretamente de nós”.

Vereadores Rui Santos (PSD) e Armindo Silveira (BE)

Na reunião de Câmara, aquando da aprovação do ponto em questão, o vereador do Bloco de Esquerda falou em “alguma apreensão” quanto ao desenrolar do processo Tectania. Armindo Silveira anunciou o voto favorável à prorrogação do prazo, afirmando que “não será pelo Bloco de Esquerda que este investimento sairá hipotecado”.

Pela parte do vereador social-democrata o voto também foi favorável mas Rui Santos acrescentou que “este processo parece que está encalhado! Já andamos nisto há um ano e dois meses, mais ou menos”.

O vereador do PSD lembrou a altura em que o investimento foi anunciado em reunião de Câmara e afirmou que “quando se fazem anúncios, e desta envergadura, devemos ter algum cuidado”, referindo que a anterior presidente “gostava muito destes show off's” e que este “não é o primeiro caso, ao longo de oito anos, que depois caem por terra. Foram feitos grandes show off's e depois, nada deu”. Falando diretamente para o presidente da Câmara, Rui Santos relembrou as palavras do autarca aquando da Tomada de Posse de que “iria virar a página e é isso que tem feito nos últimos três meses e espero que continue assim porque os anúncios que tem feito, tem feito com cautela”.

Rui Santos manifestou depois não ter “grandes esperança neste projeto”, argumentando que “a questão das eleições no Brasil e da desvalorização da moeda, começa a cheirar a qualquer coisa que não bate certo. Mas é com grande pena que o digo (…) e espero estar enganado”.

A Antena Livre questionou ao presidente da Câmara se tem mantido o contacto com os investidores brasileiros e Manuel Jorge Valamatos confirmou-o. “Os investidores, há umas semanas atrás, manifestaram algumas dificuldades e preocupações mas o que me foi dito foi que estavam desejosos de vir para Portugal, desejosos em se instalar e, neste momento, eu não tenho razões nenhumas para não confiar nas pessoas”.

À pergunta de se ainda tem esperança neste projeto, o autarca respondeu afirmativamente, “sendo que reconheço o grau de complexidade afeto ao mesmo”.

A Tectania, Tecnologia Automóvel, Lda, que prevê um investimento de 44 ME e a criação direta de cerca de 251 postos de trabalho, foi anunciada em reunião de Câmara a 15 de maio de 2018. Na altura, foi aprovada por unanimidade a alienação do terreno, localizado no Parque Industrial de Abrantes – zona sul, e os incentivos fiscais e tributários que rondam cerca de meio milhão de euros.

Patrícia Seixas